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Brasil pode ter citros resistente ao greening

A equipe descobriu genes associados com suscetibilidade e resistência


Foto: Pixabay

O greening, huanglongbing, HLB ou amarelão dos citros é o temor das lavouras de citros. A doença é de difícil controle, causadas por bactérias transmitidas pelo inseto Diaphorina citri. Ataca folhas, ramos e frutos.

O Brasil é o maior produtor mundial de laranja, o estado de São Paulo é líder em produção e exportação mundial de suco. O valor bruto de produção do setor citrícola é de R$ 14 bilhões, por ano. Os desafios do setor são justamente a sustentabilidade e controle do huanglongbing (HLB). O greening surgiu em 2004 no país e estima-se que afeta cerca de 18% dos estimados mais de 200 milhões de pés de laranja e outros citros cultivados nas principais regiões produtoras – São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Uma pesquisa a ser desenvolvida no IAC, em Campinas (SP), vai buscar uma planta de citros editada geneticamente para o controle da doença e com porta-enxerto que induza a copa a um tamanho reduzido, resultando em sustentabilidade e redução do custo de produção. 

Até o momento não há nenhuma variedade tolerante ao HLB e a pesquisa se dará em três linhas: a primeira já está em andamento com avaliação de citros geneticamente modificados (GM) em ensaios de campo; a segunda vai contar com uso do CRISPR para silenciar genes associados à resposta de hipersensibilidade da planta à infecção pela bactéria do HLB. Esta etapa também está em andamento e a expectativa é uma variedade resistente a doença em cinco anos e que também ofereça qualidade de fruta, aspecto e sabor desejados.

A terceira linha de atuação será o uso de porta-enxertos citrandarins (híbridos de tangerinas com Poncirus trifoliata), obtidos no programa de melhoramento de citros do IAC. Esses materiais têm tolerância ao HLB, isto é, reduzem o impacto da doença, além de diminuírem o tamanho da copa da planta, característica muito demandada pelo setor citrícola.

Como os citros são perenes, são necessários quatro anos, após o plantio, para iniciar as avaliações; e outros quatro anos para analisar as performances completas. São trabalhos de campo e laboratório.

Segundo a pesquisadora, Alessandra Alves de Souza, o IAC já tem o gene discover, a descoberta dos genes, e a equipe já sabe quais genes são realmente importantes, quais são os top genes, que possam ser editados através dos CRISPR. A equipe descobriu genes associados com suscetibilidade e resistência da planta ao HLB. “Esses genes serão utilizados na edição de citros", conta.

De acordo com Alessandra, esses estudos envolvem testes de novos produtos em campo e trabalhos de pesquisa em laboratório. "Aplicamos o produto na planta e avaliamos a ação da molécula em relação ao HLB, vamos verificar se dá certo e porque dá certo, assim é possível elucidar os processos envolvidos no controle do HLB e como indutor de resistência", explica.

Dentre os benefícios que as pesquisas estão a disponibilização de variedades copa e porta-enxertos mais tolerantes ao HLB, com tecnologia relevante e revolucionária que permite editar o genoma, sendo que as plantas não são caracterizadas como transgênicas. Terá também porta-enxertos que induzem ao menor porte da variedade copa para um novo sistema de produção na citricultura. Alguns dos porta-enxertos ananicantes estão conferindo naturalmente à copa da planta a tolerância ao HLB. Nos pomares brasileiros, são IAC 90% das cultivares copa e 95% de porta-enxertos. 
 

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