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Brasil vende caroço de algodão para a Europa


Os temores com a doença da vaca louca no mundo estão fazendo a alegria dos produtores de algodão do Brasil. Criadores de gado bovino da Europa e Estados Unidos substituíram parte da proteína animal usada na ração pelo caroço de algodão. Com isso, o Brasil exportou caroço pela primeira no ano passado. Para este ano, a expectativa é aumentar os embarques em 25%. O produto para exportação é cotado a US$ 150 a tonelada, preço três vezes maior que o do mercado interno.

Uma das exigências dos europeus é que o caroço seja 100% livre de transgênicos. "Sabemos que existe algodão transgênico no Brasil, por isso todo caroço embarcado para a Europa passa por testes de transgenia", explica Sérgio Porto, um dos sócios da Multitrading International. A empresa é uma das maiores exportadoras de caroço de algodão do Brasil.

Aumento dos embarques

A Multitrading estima um crescimento de 25% em seus embarques de caroço de algodão este ano. Em 2004, a empresa mandou para o exterior 80 mil toneladas de caroço e a expectativa para 2005 é que as vendas externas atinjam a marca de 100 mil toneladas.

Além da Europa, um dos mais recentes clientes a comprar o caroço de algodão brasileiro são os países do Oriente Médio. A Multitrading acaba de embarcar para a Arábia Saudita 13 mil toneladas do produto, negócio avaliado em US$ 2 milhões. "Os sauditas alimentam as vacas leiteiras com o caroço de algodão, que oferece uma maior quantidade de proteína aos animais", afirma Porto.

As exportações de caroço ainda são pequenas, porém promissoras. Estima-se que pouco mais de 5% da produção nacional foi enviada ao exterior no ano passado. Em 2004, foram produzidas 1,8 milhão de toneladas de caroço de algodão, sendo que os embarques chegaram a modestas 100 mil toneladas. Para este ano, ainda há grande incerteza em razão da desvalorização do real frente ao dólar, o que torna o produto brasileiro menos competitivo.

Mercado interno

O mercado externo tornou-se uma alternativa rentável ao interno. Com o aumento da produção nacional de algodão, cresceu também a de caroço, o que derrubou as cotações internamente. O caroço hoje está cotado a US$ 50 a tonelada, quando há dois anos ele era negociado a US$ 100.

"O mercado externo foi uma alternativa muito boa no ano passado, quando os preços também estavam baixos, mas neste ano o dólar está baixo demais e não sei se vale a pena investir nas exportações", diz Carlos Alberto Menegati, diretor comercial da Cooperativa de Cotonicultores de Campo Verde (Coperfibra), no Mato Grosso.

No ano passado, a Coperfibra exportou 10% de toda sua produção, ou o equivalente a 4 mil toneladas de caroço de algodão. Neste ano, no entanto, o grupo ainda não sabe se irá manter o mesmo nível dos embarques. Nem mesmo uma redução está descartada.

O preço médio de exportação é de US$ 150 por tonelada. Mesmo com um preço três vezes maior do que o praticado internamente, os custos de frete e de exportação acabam consumindo uma fatia grande dessa diferença.

Outro problema que tem limitado as exportações brasileiras de caroço de algodão neste ano são os volumes. "A procura tem sido grande, mas os volumes para exportar a granel, ou seja, no porão dos navios, são pequenos. Para exportar em contâineres fica muito caro e inviabiliza o negócio", afirma Ronaldo de Oliveira, produtor de algodão em São Paulo e presidente da Associação Paulista dos Produtores de Algodão (APPA).

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