Bunge Alimentos e J. Macêdo, as duas maiores empresas do setor de trigo no Brasil, assinaram um "memorando de entendimentos" que prevê a troca de linhas de produtos entre as empresas, em um movimento que visa o ganho de competitividade e focar a área de atuação de cada uma delas.
Pelo acordo, apresentado na terça-feira, a J. Macêdo assumirá as linhas de massas da Bunge (compreende as marcas Petybon, Boa Sorte, Familiar, Madremassa, Favorita e Paraíba), de farinhas domésticas (Sol, Boa Sorte, Lili e Veneranda), de mistura para bolos (Sol e Boa Sorte) e de sobremesas (Sol).
Já a Bunge ficará com as linhas de farinhas industriais da J. Macêdo, comercializadas com as marcas Soberana, Jangada e Tropical, e com a linha de pré-mistura para panificação e confeitaria, com a marca Bentamix. Na negociação, a J. Macêdo vai ficar ainda com duas fábricas de massas da Bunge, localizadas em São José dos Campos (SP) e Cabedelo (PB) e com a fábrica de sobremesas em São Paulo.
O presidente da J. Macêdo, Amarílio Proença de Macêdo, diz que "há muito tempo a empresa queria se concentrar em produtos de consumo" e procurou a Bunge quando esta decidiu vender sua área de massas em meados deste ano. Nas conversações, as duas companhias concluíram que a troca das linhas seria uma forma de ampliar o foco em suas operações, explica Sérgio Waldrich, presidente da Bunge Alimentos. "Também temos o interesse de focar nosso negócio", diz o executivo, acrescentando que a Bunge já é forte no segmento industrial. Ele admite ainda que "a lembrança dos produtos Dona Benta no varejo é mais forte do que os produtos da Bunge".
Segundo as empresas, a negociação "não implicará qualquer tipo de associação e nem quaisquer alterações na composição do capital social de ambas, mantendo-se gestões independentes".
A primeira avaliação feita por Bunge e J. Macêdo mostrou que existe "equilíbrio na grandeza" das operações das companhias, portanto não há valores envolvidos na negociação, explica Waldrich. A partir de agora, as empresas irão fazer uma avaliação mais aprofundada sobre seus números: o valor de suas linhas e de suas marcas, volumes e margens. Eventuais diferenças nos valores serão compensados, conforme Waldrich. A expectativa é de que em março, a operação esteja concretizada, informa Macêdo.
Além da meta comum de focar negócios, o que une Bunge e J. Macêdo no plano para troca de ativos é a perspectiva de redução de custos e aumento de faturamento. Na avaliação de Sérgio Waldrich, haverá melhora da competitividade das indústrias e da tecnologia por causa da especialização. Ocorrerão ainda benefícios logísticos.
As duas empresas ainda não têm estimativa sobre quanto a nova estrutura poderá agregar em seu faturamento. A Bunge fatura R$ 1,5 bilhão em sua área de trigo enquanto a J. Macêdo tem receita de R$ 1,1 bilhão. Não deve haver mudança no volume de moagem de trigo das companhias, que é de 2 milhões de toneladas/ano no caso da Bunge e de 950 mil toneladas/ano na J. Macêdo.
Amarílio Macêdo não descarta a necessidade de investimentos em um centro de distribuição no Centro-Sul, já que, ao assumir as linhas de massas, farinhas e misturas da Bunge - localizadas no estado de São Paulo e na Paraíba -, a empresa terá uma atuação mais forte na região . "A J. Macêdo tinha peso maior em consumo no Nordeste e agora terá também no Sul", afirma o presidente da companhia.
A empresa, que recentemente adotou o nome de Dona Benta Alimentos, tem hoje seis moinhos no país além de fábrica de massas e biscoito. A Bunge tem 10 moinhos, duas fábricas de massas e uma de sobremesa.
O acordo operacional prevê ainda que uma empresa poderá prestar serviços para outras em segmentos em que ambas atuam.