Café arábica mantém alta com estoques reduzidos
Chuva melhora projeção para safra 26/27 do café
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De acordo com relatório da Hedgepoint Global Markets, os preços futuros do café arábica seguem voláteis, influenciados principalmente pela queda nos estoques certificados nos armazéns da ICE (Intercontinental Exchange). Atualmente, o volume armazenado soma cerca de 417 mil sacas, o menor nível em um ano e meio e próximo dos patamares registrados no fim de 2023.
Desde o início de agosto, os estoques certificados vêm diminuindo, com redução no volume da maioria das origens, entre elas México, Honduras, Nicarágua, Peru, Uganda e Brasil – este último o principal fornecedor para os estoques da ICE nos últimos anos. Entre 29 de julho e 7 de novembro, o total de sacas caiu 353,1 mil, equivalente a 43,8%. No caso do café de origem brasileira, a retração foi de 148,3 mil sacas, uma queda de 90,6%.
“Essa redução é resultado da falta de interesse dos cafeicultores – especialmente os brasileiros – pelo café certificado, pois eles estão bem capitalizados e os diferenciais em parte do ano não compensavam o processo. Além disso, a queda também é também resultado do consumo dos estoques certificados existentes por comerciantes e torrefadores, à medida que os preços do café continuam a aumentar. No caso das empresas americanas, as tarifas também aumentaram seus custos, levando-as a consumir os estoques existentes”, explica Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado de Café.
Apesar da baixa, projeções do mercado indicam que pelo menos 150 mil sacas devem chegar aos estoques certificados da ICE nos próximos meses. A Hedgepoint avalia, porém, que o volume ainda é insuficiente para recompor os níveis considerados confortáveis, o que pode continuar sustentando os preços no curto prazo.
O clima nas regiões produtoras também é apontado como fator determinante para a tendência dos preços. O Brasil está em fase de desenvolvimento para o ciclo 2026/27, e, até meados de outubro, a seca registrada em diversas áreas trouxe preocupações sobre o potencial produtivo, já que muitos cafeeiros floresceram precocemente em setembro.
“No entanto, embora ainda seja cedo para descartar o efeito negativo do clima anterior na produtividade do café, os níveis de chuva na segunda quinzena de outubro e no início de novembro trouxeram esperanças para 26/27”, afirma a analista.
Segundo Moda, a maioria das regiões produtoras de arábica recebeu volumes expressivos de chuva nas últimas semanas, o que provocou nova floração no fim de outubro e contribuiu para o desenvolvimento das plantas, que agora entram na fase de formação dos grãos.
No caso do conilon, o clima tem sido favorável ao longo de 2025, com chuvas regulares nas últimas semanas, beneficiando o desenvolvimento das lavouras. A Hedgepoint pondera, no entanto, que pode haver pequena redução na produção na próxima safra, em função da colheita recorde registrada em 2025/26.
A analista acrescenta que a primeira estimativa oficial para a safra brasileira de café 2026/27 deve ser divulgada até o fim de novembro. Projeções mais detalhadas são esperadas apenas entre fevereiro e março, após a fase de enchimento dos grãos. Como maior produtor global, o desempenho do Brasil será decisivo para recompor os estoques internacionais e reduzir a pressão sobre os preços.