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Café especial ganha destaque na Chapada Diamantina (BA)

O café especial da Chapada Diamantina mais uma vez se destaca e conquista o primeiro lugar no 3 Concurso Nacional da Abic


O café especial, também conhecido como gourmet, da Chapada Diamantina, na Bahia, mais uma vez se destaca e conquista o primeiro lugar no 3 Concurso Nacional da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Vencedor da disputa, o cafeicultor Xavier Jones teve dez sacas da produção de sua fazenda Divino Espírito Santo, no município de Piatã, a 541 quilômetros de Salvador, arrematada por R$ 4,4 mil cada saca no leilão dos cafés finalistas pelo consórcio Qualidade Brasil, formado pelas indústrias Astoria Real, Guidalli e Sobesa.

Para o secretário-executivo da câmara de café da Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri), João Lopes Araújo, a produção de café especial é crescente na Bahia, já representando 10% das 2,24 milhões de sacas colhidas no estado. Ele destaca como principais regiões de cultivo os municípios de Piatã e Mucugê, na Chapada Diamantina, além de Vitória da Conquista e Brejões.

No caso específico de Piatã, Araújo informa que a altitude (1,5 mil metros) e a temperatura (até 8º C) favorecem o desenvolvimento da cultura cafeeira na região e a qualidade do fruto. "Mas é imprescindível o manejo e a técnica corretos para garantir a qualidade do café", afirma. Segundo ele, na região de Piatã o café especial é produzido em pequenas propriedades, que tiveram o apoio da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) na orientação de uso de equipamentos pouco sofisticados para a secagem do café. "A técnica, instruída pela EBDA deu bons resultados."

A produção de café especial está mudando a vida de pequenos cafeicultores de Piatã, na Chapada Diamantina. Nas pequenas propriedades do município, com área média de três hectares, onde trabalhavam 30 pessoas na colheita do café comum, hoje é necessário o dobro de trabalhadores para a produção do café especial, que exige colheita seletiva, lavagem e separação dos grãos.

"Além disso, o preço da saca do gourmet chega a R$ 5 mil em leilões internacionais de café de qualidade, enquanto a do café comum não tem ultrapassado R$ 200 no mercado interno", diz Michael Alcântara, sócio de Xavier Jones na Fazenda Divino Espírito Santo e dirigente da Associação dos Cafeicultores do Município de Piatã (Ascamp).

O café especial de Piatã já se destaca nacionalmente há algum tempo, sempre sendo premiados em concursos nacionais e internacionais. "O caminho do pequeno produtor é produzir cafés finos e participar de concursos de cafés especiais para conquistar mercado e divulgar o produto", afirma Alcântara. Cresce a adesão ao novo estilo de produção. Das 15 mil sacas de café, produzidas em Piatã, 2,5 mil já são de especial.

Alcântara estima que brevemente o volume de café especial produzido no município vai chegar a cinco mil sacas. Segundo ele, o surgimento da Ascamp, em 1997, foi determinante para a mudança da mentalidade dos produtores locais. "Antes era cada um por si e Deus por todos, o individualismo prevalecia e vivíamos no atraso. Produzíamos 15 sacas por hectare e vivíamos nas mãos dos atravessadores."

Este ano a Fazenda Divino Espírito Santo, que investe em cafés de qualidade há cinco anos, teve uma área plantada de 6 hectares, que resultaram na colheita de 300 sacas. Como resultado da premiação, Alcântara acredita no crescimento do valor agregado ao café produzido na região. "Hoje já vendemos o café com cerca de 20% a mais do valor de mercado. Agora, creio que alcançaremos preços ainda melhores."

Segundo ele, a disseminação da cultura do associativismo e cooperativismo na região teve um importante apoio do Sebrae, que promoveu uma série de cursos de capacitação. "Unidos, acessamos novos parceiros, adotamos novas técnicas agrícolas e, hoje, atingimos uma produtividade de 60 sacas por hectare."

No final de 2003, os produtores fundaram a Cooperativa Agrícola dos Cafeicultores do Município de Piatã (Coocamp) para comercializar a produção de café especial, evitando os atravessadores. Também foi registrada a marca Café Piatã no INPI para a industrialização do produto e desenvolvida embalagem para o café moído.

O período de 2003/2006 caracteriza-se como um dos mais prósperos para a cafeicultura baiana. Houve uma recuperação na produção de café. Atingindo, em 2006, 2,24 milhões de sacas, a área aumentou em 11,6%, saindo de 142 mil para 159 mil hectares.

Neste ano, a produção se divide entre 1,715 milhão de sacas de sacas de café arábica (76,6%) e 524 mil (23,4%) de café robusta. Essa produção confere à Bahia a 4 colocação no ranking dos principais estados produtores. Em 2005 a produção baiana foi de 1,8 milhão de sacas.

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