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Câmbio reduz exportações das indústrias

O levantamento mostra que o dólar barato fez com que um terço das empresas brasileiras que concorrem com produtos importados baixasse seus preços


A valorização do real em relação ao dólar está obrigando empresas brasileiras que concorrem com produtos importados a reduzirem custos e preços para competir no mercado nacional. De acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 90% dessas empresas brasileiras tiveram de adotar algum tipo de estratégia para concorrer com os importados. Mesmo assim, duas em cada três indústrias perderam participação no mercado brasileiro.

O levantamento mostra que o dólar barato fez com que um terço das empresas brasileiras que concorrem com produtos importados baixasse seus preços. Além disso, 50% das empresas disseram ter reduzido custos. Houve melhora também na qualidade do similar nacional de 35% das companhias. A reação também veio das empresas exportadoras. Segundo a CNI, 78% das exportadoras adotaram alguma estratégia para estimular as exportações. Quase metade (48%) aponta a redução do custo como estratégia fundamental para manter suas vendas ao exterior.

"A redução de custos e o aumento da produtividade não é apenas a estratégia prioritária para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado doméstico, mas também para melhorar a competitividade no exterior", diz a CNI. A segunda estratégia mais destacada para estimular exportações é a busca por novos mercados: 42% das empresas pesquisadas assinalaram essa opção. Esse percentual sobe para 45% entre as grandes empresas. A redução dos preços ou da margem de lucro é a terceira opção mais destacada, por 26% das empresas entrevistadas.

Segundo a CNI, no Brasil, 38% das empresas são exportadoras. Metade delas deixou de exportar ou perdeu participação no mercado internacional nos últimos 12 meses por causa da queda do dólar. A outra metade conseguiu se manter no mercado. A valorização da moeda brasileira diante do dólar também estimulou a utilização de insumos importados. A pesquisa da CNI mostra ainda que 81% das grandes, 61% das médias e 41% das pequenas empresas usam matérias-primas estrangeiras.

Em termos setoriais, o destaque negativo é para a indústria do vestuário, uma vez que 23% das empresas consultadas interromperam as exportações nos últimos 12 meses. Nas indústrias de couro, papel e celulose e têxteis, essa proporção também foi alta e superou 10%. Em oito setores - móveis, têxteis, madeira, borracha, veículos automotores, minerais não-metálicos, máquinas e equipamentos e equipamentos hospitalares e de precisão - mais da metade das empresas tiveram perda de participação dos seus produtos no mercado internacional. Por outro lado, alguns setores como limpeza e perfumaria, bebidas e papel e celulose aumentaram a sua participação no mercado externo mesmo com a valorização do real.

O levantamento informa, ainda, que em quatro setores - têxteis, calçados, vestuário e equipamentos hospitalares e de precisão - a competição com produtos importados é mais intensa e levou 75% das empresas a perderem participação no mercado doméstico. O documento avalia que, embora mais expostas à concorrência com produtos importados, as grandes empresas estão mais preparadas para enfrentar essa concorrência.

A Sondagem Especial sobre o impacto da valorização do real frente ao dólar foi feita com 1.564 indústrias entre 26 de julho e 6 de agosto deste ano. Entre as empresas consultadas, há 885 pequenas, 458 médias e 221 grandes.

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