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Carne vermelha e saúde: FAZ MAL?

“Mas há estudos que não encontraram associação entre o consumo de carne vermelha e problemas de saúde"



Foto: Pixabay

A literatura médica apresenta estudos contraditórios sobre os impactos do consumo de carne vermelha na saúde, abrangendo doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais e câncer, segundo Décio Luiz Gazzoni, engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa, membro do Conselho Científico Agro Sustentável e da Academia Brasileira de Ciência Agronômica. Uma revisão de 2020 no JAMA, com 30.000 participantes das Universidades de Cornell e Northwestern, revela um leve aumento no risco de doenças cardiovasculares (7% para carnes processadas e 3% para carne vermelha) em comparação com não consumidores. 

O risco associado ao consumo de aves foi similar, enquanto o de peixes não apresentou aumento. Além disso, houve um acréscimo de 3% no risco de morte prematura relacionado à carne vermelha e processada, sem diferença observada para aves ou peixes. Esses resultados evidenciam a complexidade e diversidade de descobertas na relação entre o consumo de carne e a saúde.

“Mas há estudos que não encontraram associação entre o consumo de carne vermelha e problemas de saúde, como o assinado por 19 pesquisadores, publicado em 2019 na revista Annals of Internal Medicina. Trata-se de uma metanálise baseada em quatro revisões sistemáticas de ensaios e estudos científicos, que analisaram a ligação entre o consumo de carne vermelha ou processada e câncer, doenças cardiovasculares e a mortalidade por qualquer razão. Em uma das revisões, os cientistas analisaram 12 ensaios – totalizando 54.000 participantes – e não encontraram nenhuma associação significativa entre o consumo de carne e o risco de doenças cardíacas ou câncer.

Nas outras três revisões, analisaram estudos de mortalidade por todas as causas, totalizando quatro milhões de participantes. Eles encontraram uma redução muito pequena no risco, mas uma associação incerta. Os investigadores concluíram finalmente que as ligações eram pequenas, os riscos baixos e a qualidade das evidências era deficiente. Em decorrência, recomendaram que os adultos continuassem a comer carnes vermelhas e processadas nos níveis atuais e não viam razão para reduzir o consumo por questões de saúde”, comenta.

Cientistas revisaram décadas de pesquisa sobre o consumo de carne vermelha, utilizando um sistema de classificação para avaliar sua relação com a saúde. Os resultados, com nenhuma classificação superior a duas estrelas para estudos sobre efeitos adversos da carne vermelha, oferecem uma visão mais objetiva. Evidências também apontaram riscos à saúde devido à ingestão insuficiente de vegetais. Os pesquisadores enfatizaram a necessidade de mais estudos para confirmar a hipótese de que o risco de uma dieta rica em carne pode residir na inadequada substituição de vegetais, sublinhando a importância de pesquisas adicionais nessa área.

“A conclusão desse estudo é que existem fracas evidências de associação entre o consumo de carne vermelha não processada e câncer colorretal, câncer de mama, diabetes tipo 2 e doença cardíaca isquêmica. Além disso, não encontraram nenhuma evidência de associação entre carne vermelha não processada e acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico”, conclui.
 

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