Castração: Praticidade com resultados
Trata-se da castração imunológica com a vacina Bopriva, que já está regulamentado pelo Ministério da Agricultura
A partir dela, os produtores estão dando adeus aos tradicionais canivetes, oferecendo aos pecuaristas uma nova maneira de manejar seus rebanhos, proporcionando o chamado bem estar animal. O produto já havia sido aprovado no Brasil em novembro de 2010 e, recentemente, o Mapa estabeleceu os parâmetros que pecuaristas e frigoríficos brasileiros devem seguir para que os animais vacinados com Bopriva sejam reconhecidos como castrados no abate.
A vacina é administrada com duas doses injetáveis (dose e reforço) na tábua do pescoço e pode ser associada a outros manejos de rotina. A médica veterinária Fernanda Hoe, gerente de produtos da Pfizer, explica que a Bopriva estimula o sistema imune do bovino a produzir anticorpos contra o Fator de Liberação de Gonadotrofinas (GnRH), inibindo a liberação de dois hormônios da glândula hipófise, o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo estimulante (FSH), e por consequência suprime a função testicular em machos e ovariana nas fêmeas. Com o bloqueio de produção da testosterona em machos, os comportamentos sexual e agressivo são reduzidos,
além disso há melhora da qualidade da carcaça.
O efeito de Bopriva dura, em média, cinco meses depois da segunda dose administrada. Esta, deve ser feita cerca 5 meses antes do abate. Com a aplicação de duas doses injetáveis de 1 mL cada, com um aplicador específico na tábua do pescoço do animal, o macho ou a fêmea estão imunologicamente castrados. A novidade é que a fêmea também pode ser castrada, já que a Bopriva imuniza a fêmea contra seu próprio GnRH e com isso suprime a liberação de FSH e LH, responsáveis pelo desenvolvimento dos óvulos e pela produção dos hormônios estrógeno e progesterona.
A Bopriva não tem qualquer atividade hormonal. Um estudo publicado pela Universidade Federal de Uberlândia revela os impactos negativos que a castração tradicional pode trazer. Entre elas complicações pós-cirúrgicas e mortes foram as principais. De março a maio de 2010 foram avaliados 500 bovinos castrados de quatro fazendas, três em Minas Gerais e uma em Goiás. O trabalho mostrou que a miíase, ou bicheira (causada pela infestação de larvas e moscas em feridas), foi a complicação mais observada, com aproximadamente 15% dos registros, enquanto a morte foi o maior prejuízo, com taxa de mortalidade média de 0,4%.
De acordo com Olmiro Claudiano Teixeira Cavalheiro, veterinário da fazenda Teles Pires, localizada no município Nova Canaã do Norte (699 km ao Norte de Cuiabá) a castração cirúrgica era parte da rotina. Agora, com os resultados obtidos pelo uso de Bopriva, só é realizado a castração imunológica. Com 12 mil machos no rebanho, a propriedade trabalha com cria, recria e engorda de Nelores e animais com cruzamento industrial. A primeira experiência com Bopriva foi com 201 machos, no sistema de terminação de semiconfinamento comendo 5 kg de ração ao dia e com pastejo em Brizantha. Divididos em lotes de 35 bois em piquetes de 18 alqueires, os animais receberam as duas doses da vacina, sendo a primeira em 2 de fevereiro de 2012.