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Cautela marca comercialização de soja

Preços futuros em nível mais baixo que os praticados no mercado à vista afastam compradores do mercado


A safra de soja 2009/10, que começará a ser plantada no terceiro trimestre, assiste, antes de sua largada, a um movimento comedido de compras e vendas antecipadas. Os compradores têm se mostrado receosos com os preços atuais do grão, que estão em patamar mais alto nos vencimento mais próximos que nos mais dilatados. A parcimônia contrasta com o cenário registrado nesta mesma época em 2008: na prévia da abertura da safra 2008/09, os vendedores é que aguardavam o melhor momento para fechar negócios.

"O mercado está cada dia mais "invertido"", atesta, em relatório, o Instituto Mato?Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Na semana passada, os contratos com vencimento em julho deste ano ficaram mais de US$ 2,00 acima dos papéis para julho de 2010, uma diferença de quase 20%. Essa "inversão" mostra, ao menos em tese - e de acordo com o cenário do momento -, uma tendência de queda para o preço do grão, o que explica o comedimento dos compradores nesta etapa do ciclo.

Há um ano, os preços dos grãos em geral, e da soja em particular, viviam a escalada que teve como desfecho a chegada a seus maiores níveis históricos. A soja atingiu esse ápice na primeira semana de julho, ao ser negociada acima de US$ 16 por bushel na bolsa de Chicago, referência internacional para a formação de preços agrícolas.

A demanda firme estimulava os vendedores a aguardar por níveis cada vez mais altos do preço do grão, o que postergou o fechamento de vendas antecipadas. Com a espera, os produtores tentavam também compensar a alta vertiginosa dos preços dos fertilizantes, que dispararam na esteira da alta do petróleo, base para a produção do insumo.

O Imea ainda não apresentou seu primeiro relatório de vendas antecipadas de soja referente à safra 2009/10, mas há sinais do comedimento nos negócios. "Até o momento", diz o relatório da entidade, "foram feitas apenas indicações esporádicas de preços". Na região de Sorriso, de acordo com o Imea, foram registradas indicações de compra de soja por US$ 15,50 a US$ 16,50 por saca. A intenção de venda, por sua vez, circunda os US$ 18.

Maria Amélia Tirloni, analista do Imea, não faz projeção de preços, mas diz que a retração dos compradores é evidência da menor presença das tradings no financiamento da safra. "O produtor está usando mais recurso próprio", afirma. Até o momento, cerca de 80% dos insumos para as lavouras de soja já foram comercializados em Mato Grosso, segundo o relatório do Imea.

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