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CCGL retoma produção de leite para inovar o mercado brasileiro

A empresa está investindo na capacitação de seus cooperados para explorar novos filões como o "butter oil" (óleo de manteiga)


Um nicho de mercado nunca explorado pela indústria brasileira de laticínios foi a forma encontrada pela Cooperativa Central Gaúcha de Leite (CCGL) de retornar ao processamento de leite depois de 10 anos fora do setor. A empresa está investindo R$ 200 milhões na construção de uma planta industrial em Cruz Alta (RS) e na capacitação de seus cooperados para explorar novos filões como o "butter oil" (óleo de manteiga usado em indústrias alimentícias, hoje importado), a produção de alimentos funcionais derivados de leite e um inédito leite fluído longa-vida que não é UHT. A construção da unidade começa em janeiro e a produção em 2008.

Especialistas do setor dão como certo o ineditismo da fábrica da CCGL - comenta-se inclusive que o leite microfiltrado, que dura mais tempo na geladeira, teria embalagens produzidas no Uruguai. Foram dois anos de estudos para a CCGL montar seu projeto, cuja primeira etapa se inicia agora. O presidente da empresa, Caio Vianna, confirma que é uma unidade diferenciada, mas que em um primeiro momento trabalhará apenas com leite em pó instantâneo e "butter oil".

"No futuro, faremos convênios com instituições para o desenvolvimento de produtos funcionais", diz. Ele não informa quais produtos poderiam ser, apesar de a expectativa ser a produção de leite microfiltrado, inédito no País. "Buscamos produtos com facilidade de logística, padrão de qualidade alto para não estrangularmos o mercado", afirma Vianna.

A produção de "butter oil" já é considerada um diferencial - a Itambé, em Minas Gerais, também estaria planjando produzir o óleo de manteiga. O mercado mundial desse produto movimenta 350 mil toneladas por ano, sendo a Oceania a principal fornecedora. Uma tonelada de butter oil é vendida a US$ 2 mil. "Parte das importações do Brasil poderia ser substituída com a planta da CCGL", diz Otávio de Farias, da Hoogwegt do Brasil , empresa especializada na comercialização de derivados do leite.

Vianna diz que em uma primeira fase a indústria terá capacidade para o processamento de 1 milhão de litros por dia, para a produção de leite em pó e butter oil. Mas a empresa foi projetada para até 5 milhões de litros dia. "A resposta vai depender do mercado", diz. Cerca de 70% da produção será voltada para o mercado interno e o restante para as exportações. "O Brasil deverá ocupar um espaço maior no mercado mundial de leite e queremos estar preparados para isso", atesta o presidente da CCGL.

Metade do valor aplicado será para a construção fabril e o restante de investimentos no campo para o aumento da produtividade dos pecuaristas, com investimentos próprios e de financiamento bancário. Atualmente, a CCGL congrega 17 cooperativas, que abrigam 102 mil produtores, sendo 28 mil pecuaristas leiteiros. Com a desativação do setor em 1996, toda a produção - 2 milhões de litros por dia - passou a ser comercializada para indústrias locais.

Segundo Vianna, a retomada no ramo leiteiro partiu dos próprios cooperados, como forma de agregação de valor. Ele diz que a aplicação dos recursos no campo será voltada para "uniformizar a produtividade - existem pecuaristas com nível de excelência e outros não - e capacitar os produtores em áreas como gestão e manejo do gado. "Com isso, nossos cooperados vão produzir o suficiente para três fábricas, considerando a capacidade industrial inicial", afirma.

Quando a cooperativa deixou a operação com lácteos, em 1996, a CCGL repassou suas unidades à Elegê Alimentos e os produtores passaram a fornecer para indústrias da região. Desde então, a empresa se concentrou as atividades em grãos, operando com dois terminais graneleiros no Porto de Rio Grande. Agora, esse conhecimento logístico ajudará a central a exportar lácteos.

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