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CEA-IAC pesquisa alternativas de energia para substituir o óleo diesel

Nos testes com misturas de biodiesel de girassol em motor agrícola novo, injeção direta, 62 cv, observou-se redução de até 2,2 % na potência, com o uso de B10 e B100

O Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC-APTA),vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que está completando 40 anos, estuda desde 2002 a utilização de óleos vegetais como combustível substituto ou complementar em motores a diesel. Os trabalhos são realizados em laboratório (bancada dinamométrica) onde é possível impor e manter condições de carga ao motor de maneira controlada, conta a pesquisadora Ila Maria Corrêa, do CEA. “Nesse período, foram realizados experimentos com biodiesel de girassol e óleo bruto de girassol.”

Nos testes com misturas de biodiesel de girassol em motor agrícola novo, injeção direta, 62 cv, observou-se redução de até 2,2 % na potência, com o uso de B10 e B100, e aumento de até 7,3 % no consumo de combustível com o uso de B100. Um teste de cerca de 100 horas, usando apenas biodiesel de girassol (B100), foi também realizado para verificar possíveis alterações internas no motor, através da análise do óleo lubrificante. Para isso, foram determinadas as características físico-químicas, o teor de metais e exame morfológico de partículas contaminantes. “As alterações ocorridas foram consideradas aceitáveis, sendo a viscosidade, a presença de água e o teor de ferro os parâmetros mais alterados”, observa Corrêa.

Já a utilização de óleo bruto de girassol, com poucas horas de uso, resultou em queda de até 10,1% na potência na TDP e aumento de até 16,0% no consumo de combustível, com visível escorrimento de óleo combustível na junta de tubulação de escape, conta a pesquisadora. A tentativa de testar seu uso prolongado (mínimo de 200 horas) foi interrompida com cerca de 60 horas ao se verificar que a temperatura do óleo do cárter se elevava acima dos 120°C e era possível ouvir pequenas batidas de dentro do motor. O motor foi retirado e enviado para o fabricante analisar seu interior. Nessa análise, foram detectadas as seguintes anomalias: acúmulo de carvão no bico injetor e na cabeça do pistão, obstrução do pescador do óleo do cárter, desgaste do retentor e formação de depósitos tipo “verniz” na bomba injetora.

Segundo a pesquisadora do CEA, as causas dessas anomalias se justificam em função das características do óleo bruto: alta porcentagem de glicerina que lhe confere alta viscosidade, ponto de fulgor e densidade superiores em relação ao diesel, o que já aponta para um baixo desempenho do motor. Por ser mais viscoso, o óleo vegetal bruto não consegue ser adequadamente pulverizado pelos bicos injetores, não permitindo uma queima adequada. Isto acaba por formar depósitos nos bicos e cabeçotes, causando, além do baixo desempenho, a redução da vida útil do motor.

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