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Cenário para soja deve mostrar melhora em 2007

A recuperação dos preços internacionais dos grãos e as condições climáticas favoráveis no Brasil indicam um cenário mais positivo


A recuperação dos preços internacionais dos grãos e as condições climáticas favoráveis no Brasil indicam um cenário mais positivo para o mercado de soja em 2007, após dois anos de crise, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli. Mas as boas perspectivas, que podem permitir inclusive a reabertura de algumas unidades de esmagamento que foram fechadas nos últimos anos por falta de margem, estariam em risco diante de uma eventual redução de compras da China.

O país sinalizou recentemente mudanças de normas que poderiam comprometer as vendas do Brasil para o seu maior mercado no exterior, disse o executivo, que também preside a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). “A situação está indo bem, até agora, pelo menos... Se não houver jogadas internacionais, acho que vamos ter um bom ano, de volta à situação de 2003", afirmou Lovatelli à Reuters, por telefone.

Soja e milho vêm subindo na bolsa de Chicago nos últimos meses, devido principalmente à expectativa de que um volume maior de milho seja destinado nos EUA à produção de etanol. Os dois produtos tendem a manter certa diferença de valores, já que disputam área de plantio. Com o preço da oleaginosa próximo aos 7 dólares por bushel na bolsa norte-americana, "até o norte de Mato Grosso vai conseguir fechar as contas", disse Lovatelli, referindo-se à região do país mais afetada pela crise de rentabilidade nas duas últimas temporadas.

Lovatelli observou que também colabora para a alta da soja o apetite chinês. Até outubro, o país asiático comprou, só do Brasil, 10,2 milhões de toneladas da oleaginosa, 60 por cento mais que em igual período de 2005. Mas o país asiático permanece uma ameaça velada. Destino de 11 a 12 milhões de toneladas de soja brasileira este ano, a China soltou recentemente uma proposta de regulamentação nova em que se dá a liberdade de não confirmar compras caso aconteça "uma grande mudança" no mercado, inclusive de preços, disse Lovatelli.

O executivo teme que a sinalização possa derivar numa ação parecida com a ocorrida há cerca de dois anos, quando carregamentos brasileiros foram bloqueados sob alegação de que estavam contaminados com fungicida. "Isso também tem de ser levado em consideração (para explicar o comportamento dos preços). Se (a compra da China) pára ou diminui, há um impacto", considerou.

Alívio para a indústria:

A Abiove trabalha com uma previsão para a safra de soja brasileira 2006/07 de 55,2 milhões de toneladas. Na temporada anterior, a produção atingiu 55,7 milhões de toneladas. As perspectivas de rentabilidade melhor não são apenas para os produtores, mas também para a indústria esmagadora. Nas últimas temporadas, essas companhias amargaram perdas, com margens apertadas e dívidas com produtores. Várias unidades tiveram de ser fechadas, mas Lovatelli aponta que algumas delas poderão ser reabertas.

"Existe um processo de descapitalização... todos apertaram os cintos... mas a situação melhorou", considerou ele. Outro fator positivo para o setor é o desenvolvimento do mercado de biodiesel. Segundo a Abiove, pela primeira vez na história, o produto deve impactar o mercado da oleaginosa. A Abiove estima que o biodiesel provocará uma demanda adicional de pelo menos 250 mil toneladas de óleo de soja na próxima temporada.

Com isso, a demanda pelo produto, que teve crescimento apenas vegetativo nos últimos anos, deve crescer 300 mil toneladas sobre o ano anterior, para 3,5 milhões.

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