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Cerca de dois terços dos produtores de flores podem falir

Setor foi fortemente afetado pela pandemia e ressalta preocupação com o Dia das Mães, uma das principais datas de vendas


Foto: Eliza Maliszewski

Sem eventos, casamentos, aniversários, sem presentes devido ao isolamento social. Esse foi o grande impacto que sentiu o setor de floricultura no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), referentes a 2018, ressaltavam a importância da cadeia. Segundo a entidade o país tinha cerca de 8 mil produtores de flores e plantas que, juntos, cultivavam mais de 2500 espécies com cerca de 17.500 variedades, além de ser responsável por 209 mil empregos diretos na produção, distribuição, varejo e em outras funções, em maior parte como apoio.

Desde 2019 0 setor vinha crescendo a uma média de 10% ao ano mas depois da pandemia de Coronavírus (Covid-19). O futuro é incerto. Diversas cooperativas e produtores estão em campanha para voltar a aquecer as vendas para o Dia das Mães, celebrado este ano no dia 10 de maio. A data é uma das mais fortes para o consumo de flores.

 O Portal Agrolink conversou com Renato Opitz, diretor do Ibraflor, para entender mais sobre as dificuldades e o que se espera nos próximos meses: 
 
Portal Agrolink: com a pandemia o setor de flores é um dos mais afetados. Que balanço dá para se fazer do setor atualmente?
Renato Opitz:
conforme a Pandemia vai se desenvolvendo e  a crise vai se aprofundando. Nós estamos tendo resultados distintos. As flores que são mais perecíveis acabam sofrendo mais, principalmente as flores de corte (rosas, alstroemerias), pois além de durarem muito menos, o principal mercado delas não existe mais, como festas, casamentos e outros eventos em geral. Já as flores em vaso e as plantas verdes, justamente por serem mais duráveis, acabam encontrando algum mercado, principalmente porque os pontos de venda arriscam e estão comprando mesmo sem a certeza do prejuízo pela eventual perda desses produtos.
 
Portal Agrolink: dá pra recuperar ainda no segundo semestre?
Renato Opitz:
o crescimento do setor tem sido acima de 10% nestes últimos anos. Por outro lado, com essa pandemia, o prejuízo é incalculável no momento porque não sabemos quando isso vai terminar. É difícil prever se, no segundo semestre, nós teremos condições de reverter esse quadro. A princípio, acreditamos que não devemos alcançar este crescimento de 10% . Imaginamos que se empatarmos com o ano passado já poderemos estar satisfeitos.
 
Portal Agrolink: estima-se que 66% dos produtores de flores vão falir com a pandemia. Que tipo de incentivo poderia ser dado para evitar isso?
Renato Opitz:
a previsão inicial da falência de 2/3 dos produtores era mediante o cenário de muitos meses de inatividade. Tudo na verdade vai depender de quando esta quarentena estiver encerrada e o setor puder voltar a operar normalmente. De qualquer forma, o principal problema é que estamos agora na véspera do Dia das Mães, que é a data mais importante para o setor. Se as vendas não puderem se normalizar neste período, o prejuízo será incalculável para grande parte dos produtores, considerando que eles estão descapitalizados, pois investiram todas suas reservas na produção das flores e plantas para este período. Com relação ao incentivo que pode ou poderia ser dado aos produtores, o nosso setor  formou um comitê de crise, que já gerou uma série de documentos e pedindo ajuda aos produtores ao Governo federal

Portal Agrolink: em relação ao planejamento dos próximos plantios como está? 
Renato Opitz:
no setor de flores e plantas ornamentais nós não trabalhamos com safra, pois os plantio são feitos diariamente, assim como os tratos culturais e a colheita, considerando que o mercado demanda produtos frescos, diariamente. Agora, o planejamento desse plantio diário vai depender muito do resultado das vendas nas próximas semanas. Se por acaso o produtor conseguir um faturamento razoável, ele terá condições e capital de investir  na continuidade desses pontos, caso contrário a produção será parcial ou totalmente interrompida.
 
Portal Agrolink: com que medidas o setor tem se adequado para continuar chegando ao consumidor?
Renato Opitz:
esse é o papel muito importante que cabe à cooperativas e associações. E elas têm conseguido levar as flores até os pontos de venda que estão abertos, como supermercados, varejões e lojas on-line. Os produtores que estão organizados através de cooperativas possuem instrumentos melhores para enfrentar a crise, pois estão organizados, estruturados e tem a possibilidade de discutir as suas estratégias de uma forma conjunta. Os produtores que não estão organizados em cooperativas ou associações têm procurado alternativas individuais. Nesses casos, está mais difícil. As vendas através da internet, seja por aplicativos ou mesmo das redes sociais , juntamente com serviços de delivery, têm sido uma alternativa para esses produtores chegarem com suas flores e plantas até o mercado varejista e consumidor
 
Portal Agrolink: como estão percebendo o comportamento do mercado consumidor? 
Renato Opitz:
o mercado consumidor, de forma geral, está bastante retraído, mas depende muito do segmento. O setor de eventos está parado e não há previsão de retomada. É o maior prejudicado.  Já as pessoas que estão em casas continuam querendo flores e, nesses casos, o que precisa ser garantido é o acesso aos nossos produtos. Portanto, muito importante é que os pontos de venda possam continuar operando, sempre dentro das regras pra estipuladas pelas autoridades.
 
 

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