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Chicago: mercado do trigo

Vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano comercial 2018/19, iniciado em 1º de junho, atingiram a 263.000 toneladas


As cotações do trigo em Chicago, após atingirem o mais baixo nível em meses, quando o primeiro mês cotado bateu em US$ 4,22/bushel no dia 11/03, se recuperaram moderadamente desde então. O fechamento desta quinta-feira (21) ficou em US$ 4,66/bushel, contra US$ 4,48 na semana anterior.

Houve um movimento de ajuste técnico por parte dos Fundos que, com muitas posições vendidas, diante do forte recuo das cotações, passaram a comprar contratos de trigo em Chicago. Isso aqueceu os preços naquela Bolsa, mesmo com as exportações estadunidenses do cereal se mostrando fracas.

De fato, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano comercial 2018/19, iniciado em 1º de junho, atingiram a 263.000 toneladas na semana encerrada em 7 de março. Para o ano seguinte o volume ficou em 83.000 toneladas. Na soma dos dois anos o total exportado ficou abaixo do esperado pelo mercado, que apostava em um mínimo de 400.000 toneladas. Já as inspeções de exportação chegaram a 353.727 toneladas na semana encerrada em 14/03.

Durante o transcorrer da semana, o mercado freou o ímpeto altista diante de uma realidade de oferta mundial bastante elevada neste momento, porém, se manteve nos melhores níveis deste mês de março.

No Mercosul, a tonelada FOB para exportação oscilou entre US$ 220,00 e US$ 225,00 na compra, enquanto a safra nova argentina foi mantida em US$ 180,00, igualmente na compra.

E no Brasil, os preços se mantiveram estáveis, com o balcão gaúcho fechando a semana na média de R$ 41,62/saco, enquanto os lotes continuaram em R$ 48,00/saco. No Paraná, o balcão se manteve ao redor de R$ 50,00/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 54,00 e R$ 55,20/saco. E em Santa Catarina o balcão oscilou entre R$ 42,00 e R$ 43,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, continuou em R$ 51,00.

Na prática, o mercado nacional do trigo está lento, sem grandes negócios, diante da atenção que os produtores dão à colheita da safra de verão. Ao mesmo tempo, não muito produto de qualidade superior disponível, após a frustrada safra passada (a segunda consecutiva em termos de qualidade). Além disso, os moinhos se mostram abastecidos com produto importado, não forçando o mercado pelo lado da compra.

Aliás, segundo o dados oficiais brasileiros, o acumulado de importação de trigo, neste ano comercial iniciado em agosto/18, e até o final de fevereiro/19, aponta um volume de 4,09 milhões de toneladas, sendo 3,53 milhões oriundas da Argentina. O maior importador brasileiro foi São Paulo, com 653.000 toneladas, seguido do Ceará com 621.000 toneladas. Depois vem a Bahia com 479.000 toneladas, o Paraná com 392.000 e o Rio Grande do Sul com 324.000 toneladas.

Portanto, mesmo com um Real bem mais desvalorizado neste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, o que torna o produto externo mais caro, as importações de trigo têm sido maiores neste ano. O fato é que o forte recuo nos preços do trigo em Chicago levaram a uma baixa no preço do produto na Argentina e outros exportadores, compensando em boa parte o aumento do custo de importação devido ao câmbio.

Em tal contexto, o Rio Grande do Sul deverá continuar exportando trigo, geralmente de qualidade mediana e baixa, e importando produto de qualidade superior. Eventualmente, algo que ocorre igualmente com o Paraná.

Dito isso, as primeiras projeções sobre a futura área a ser semeada com trigo no Brasil são otimistas. Tal comportamento está baseado no fato de que os preços do cereal nacional, neste ano, estarem entre 30% a 50% mais elevados do que os praticados no ano passado nesta época. Assim, fala-se em um incremento de até 12% na área semeada nacional. É possível, porém, ainda é muito cedo para apostar em tal quadro diante da elevação dos custos de produção e das constantes frustrações de safra, especialmente nos últimos dois anos. Neste sentido, vale destacar que estudo divulgado pela Fecoagro (RS), neste semana, aponta que no estado gaúcho, para cobrir apenas os custos variáveis da safra de 2019, o produtor local precisa obter uma produtividade de 48,6 sacos/hectare aos preços de hoje. Já para cobrir a totalidade dos custos com o trigo, incluindo o fator terra, a produtividade necessária salta para 67,6 sacos/hectare. E isso tudo com trigo de qualidade superior! Ou seja, algo muito difícil quando se olha nosso histórico climático e de produtividade média. 

Em síntese, não há espaço para preços maiores do trigo nacional, embora o comportamento cambial no Brasil possa alterar esta realidade já que precisamos importar ainda, cerca de 3 milhões de toneladas até o final de julho, quando se encerra o atual ano comercial 2018/19.
 

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