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China desponta como principal cliente do MT

De 2005 a 2012, o país acumula importações de US$ 16,410 bilhões em produtos do estado


De 2005 a 2012, o país acumula importações de US$ 16,410 bilhões em produtos do estado

Há 8 anos a China assumiu isoladamente o posto de principal cliente mato-grossense, acumulando importações de US$ 16,410 bilhões em produtos do Estado nesse período. De 2005 a 2012, as compras chinesas cresceram 462%, saltando de US$ 765,419 milhões para US$ 4,301 bilhões. O montante pago por Mato Grosso pelas mercadorias orientais também expandiu 2.460% nesse intervalo, chegando a US$ 86,664 milhões no fim do ano passado, conforme dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Entender o movimento crescente nessa relação comercial fica fácil conhecendo os números. “A China já ocupa quase 100% de seu território agricultável e por isso depende das importações de commodities para sustentar sua população de mais de 1 bilhão de pessoas. Aí está um bom potencial para a agricultura do Estado se lançar internacionalmente”, afirma Lincoln Fracari, diretor comercial da China Link Trading, que exportou cerca de US$ 150 mil para o Mato Grosso e pretende aumentar em 50% esse montante em 2013. No Estado a empresa tem clientes que importam produtos para fornecimento de energia solar, informática e eletrônicos.

Segundo Fracari, os chineses têm procurado regiões no Brasil de crescimento mais promissor e redução fiscal para o recebimento de seus investimentos, distanciando um pouco dos destinos mais óbvios como São Paulo e Rio de Janeiro. “Existem tantas empresas chinesas principalmente na área de tecnologia já dispostas a abrir plantas produtivas no Brasil. Mato Grosso conta com um ambiente político e econômico estável para a propagação das empresas chinesas”, avalia.

Prova disso é o investimento de R$ 400 milhões na construção da 1ª fábrica no Brasil da Chery, pertencente ao um grupo que detém 80% da frota náutica chinesa e passou a investir no setor automobilístico, conta o gerente de vendas da concessionária em Cuiabá, Cláudio José dos Santos. Segundo ele, a expectativa de crescimento até 2014 é de 200% graças à nacionalização da marca, que garantirá a redução do custo da frota de veículos, que hoje é montada inteiramente na China. Santos destaca que a fábrica, que ficará pronta no ano que vem, está sendo instalada sem a “ajuda” brasileira do BNDES. Isso tudo devido à “aposta” chinesa no mercado brasileiro.

Potencial identificado por eles, mas que passa desapercebido pelos brasileiros como um todo, na avaliação da coordenadora do Centro Internacional de Negócios de Mato Grosso (CIN/MT), entidade a associada ao Conselho Empresarial Brasil-China e que faz parte do Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gabriela Fontes, que aponta a dificuldade dos empresários em identificar os nichos de mercado existentes naquele país. “A gente está vendendo ou sendo comprado pela China? O vender vem da produção industrial. Tem que entender o que ele quer comprar e a gente possa produzir para ele. Evidente que a gente não vai fazer eletroeletrônico, mas pode oferecer o que eles não têm lá, alimento industrializado ou não”. Gabriela cita a oportunidade que surge na exportação de queijo mussarela considerando o crescente consumo de pizza pelos jovens chineses. 

Para Fracari, a promoção comercial de Mato Grosso e de outras regiões do Brasil está mais ativa, o que contribuiu com o crescimento da relação entre os 2 lados. “Mas ainda acredito que essa divulgação poderia ser muito mais agressiva, pois há eventos específicos em todo o território chinês que estados como o Mato Grosso poderiam se beneficiar”.

A Prime Importação e Exportação recebeu em março um grupo de chineses que veio conhecer o potencial do Estado. Hoje a compra coletiva feita por cooperativas de agricultura e agroindústria tem se destacado no trabalho de importação feito pela empresa. “A demanda é muito grande em relação à soja, mas outras oportunidades estão surgindo”, afirma o empresário Alan Borges, ao ressaltar o interesse chinês pela carne de frango matogrossense e pela mel de abelha. “Toda medicina daquele país é baseada em chás e alimentos naturais. O mel é um produto supervalorizado lá e a gente não explora esse potencial”.

Enquanto esses mercados não são explorados no Brasil, a China se planeja. Para o economista Vitor Galesso, que presta serviço de despacho e tramitação logística de cargas através da Universo Serviços Aduaneiros, existe interesse chinês também na compra de terras no Estado para a produção de alimentos para a sua população, o que explicaria a proposta que surgiu de construção feita por eles da ferrovia estadual. “Mas não é tão simples porque não se encaixa com o padrão de concessão chinês. A possibilidade é remota de conseguirem se adaptar a esse modelo, em que o governo (brasileiro) autoriza o investimento. Ele constrói, mas não é dono”.

Tabus - A presença da alta tecnologia em indústrias chinesas impactaram nos resultados da importação. Superando antigas concepções, a qualidade dos produtos chineses se uniu ao baixo custo na lista das vantagens desse fornecedor, avalia Gabriela Fontes, destacando a compra crescente de diversas máquinas para a área de infraestrutura da construção civil. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Construção Pesada de Mato Grosso (Sincop/MT), José Alexandre Schutze, o custo ainda é a maior vantagem dos equipamentos chineses, que chegam mais baratos ao país do que as produtos nacionais. Além disso, conforme Schutze, o fato de as máquinas serem importadas não dificulta a manutenção e a troca de peças.

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