Chuvas no Paraná ameaçam trigo e pressionam mercado brasileiro, aponta Cepea
As chuvas intensas no Paraná acendem o alerta entre os produtores

As chuvas intensas no Paraná acendem o alerta entre os produtores de trigo, com atrasos na colheita e risco à qualidade das lavouras ainda no campo. Enquanto isso, o Rio Grande do Sul avança com alta produtividade, contribuindo para uma revisão positiva das estimativas nacionais para 2025, conforme apontam Cepea, Emater/RS e Conab.
O avanço das precipitações no Paraná, um dos principais estados produtores de trigo do país, já compromete o ritmo da colheita e ameaça a sanidade das áreas ainda em campo. O alerta vem de levantamentos recentes do Cepea, que apontam impactos diretos sobre a qualidade do cereal e preocupações com perdas na rentabilidade.
Em contrapartida, o Rio Grande do Sul registra cenário climático mais favorável, com chuvas fracas que permitem o avanço dos trabalhos sem prejuízos. Dados da Emater/RS indicam que a produtividade estadual deve alcançar 3,261 toneladas por hectare — crescimento de 17,26% em relação à safra anterior —, com produção total estimada em 3,721 milhões de toneladas, 0,57% acima do ciclo anterior.
Esse desempenho positivo no Sul, somado aos ganhos em Santa Catarina, levou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a revisar para cima suas estimativas nacionais. A nova projeção para a safra brasileira de trigo em 2025 é de 7,698 milhões de toneladas — alta de 2,2% frente ao relatório de setembro. Ainda assim, o volume permanece 2,4% inferior ao produzido em 2024, evidenciando que os ganhos de produtividade (estimada em 3,142 t/ha) compensam parcialmente as perdas em área.
Segundo o Cepea, mesmo diante de uma safra com potencial produtivo, o cenário de preços permanece pressionado no Brasil. Entre os fatores que contribuem para esse movimento estão o enfraquecimento do dólar, a ampla oferta da safra argentina — principal origem das importações brasileiras — e a percepção de excesso de oferta interna em algumas regiões.
Além dos desafios de mercado, o produtor enfrenta a necessidade de gestão de risco diante das condições climáticas adversas e das oscilações de preços. A expectativa de safra ainda positiva em termos de rendimento, no entanto, pode equilibrar parte dessas incertezas, especialmente para regiões onde o clima tem favorecido o avanço da colheita com qualidade preservada.
Com o Paraná em alerta e o Rio Grande do Sul sustentando bons indicadores, a safra de trigo 2025 se mostra dividida entre riscos e oportunidades. A evolução do clima nas próximas semanas será decisiva para consolidar os números finais da colheita e o comportamento dos preços no mercado interno. Para os produtores, o momento exige cautela e atenção redobrada às estratégias de comercialização.