Cientistas desvendam desenvolvimento da cana-de-açúcar
"Fizemos algumas descobertas interessantes e estratégicas para o nosso objetivo de produzir uma ‘supercana"
Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), publicado na revista Functional Plant Biology, consegui desvendar as etapas do desenvolvimento da cana de açúcar. De acordo com Marcos Buckeridg, um dos autores do estudo, já se sabia que a acumulação de biomassa e sacarose nesta planta está relacionada com a utilização de metabolitos, mas não estava claro como as condições ambientais e os estágios de desenvolvimento da cana afetam a produção.
"Descrevemos pela primeira vez o comportamento da cana-de-açúcar no campo e ao longo do tempo, durante todo um ciclo de desenvolvimento. Assim, nós fizemos algumas descobertas interessantes e estratégicas para o nosso objetivo de produzir uma ‘supercana’ [capaz de acumular biomassa e altos teores de fibra]”, comenta.
Os pesquisadores realizaram constantemente monitorando um ciclo completo de crescimento de cana ao longo de 12 meses no campo e 24 horas por dia, em uma propriedade rural, na cidade de Piracicaba. Eles analisaram parâmetros como as trocas gasosas das folhas e o acúmulo de hidratos de carbono não estruturais (NSCs) durante os diferentes estágios de desenvolvimento da planta.
Segundo Amanda Pereira de Souza, principal autora do estudo, após seis meses, a planta começa a armazenar a sacarose em seu colmo e raízes, e amido nas folhas, até 12 meses. Durante esse estágio, a cana-de-açúcar praticamente para de fazer fotossíntese e está pronta para o corte e seu posterior uso na produção de açúcar e etanol.
"A compreensão de como o acúmulo de açúcares controla cada órgão na mesma planta abre caminho para o desenvolvimento de uma cana com mais sacarose nas folhas e uma cana com mais amido no colmo. Ambas as estratégias podem ser interessantes em diferentes situações", conclui.