Classificação mundial do BHC é de lixo tóxico
Produto pode intoxicar através da ingestão, inalação e absorção da pele
Fernando Alves de Albuquerque, agrônomo e professor de entomologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), explica que o BHC é um organoclorado que apresenta molécula de cloro extremamente resistente e perigosa. Ele acrescenta que o produto pode intoxicar através da ingestão, inalação e absorção da pele. Os riscos para o meio ambiente também são enormes, razão pela qual a retirada do veneno das áreas onde está estocado deveria ser uma prioridade.
"Até o final da década de 70, este produto foi largamente utilizado na região Noroeste do Paraná em lavouras de café, algodão e frutas. Até a década de 90 muitos organoclorados foram utilizados para dizimar formigueiros", diz Fernando Albuquerque.
O agrônomo destaca que o BHC apresenta uma molécula estável, ou seja, não desaparece do solo com facilidade. "Com isso, ele é capaz de contaminar alimentos, mananciais e até viajar grandes distâncias na atmosfera", alerta.
"No solo, sofrendo a ação do tempo, bactérias e outros fatores, o BHC leva dezenas de anos para desaparecer. Imagine este produto estocado. São altamente perigosos e devem ser eliminados o mais rápido possível", enfatiza o agrônomo.
Intoxicação
Dores de cabeça, náuseas, vertigens, transpiração fria, falta de coordenação motora e convulsões são alguns dos sintomas associados à intoxicação pelo organoclorado. No Brasil, oveneno também foi utilizado por vários anos na área de saúde e servia para combater o bicho barbeiro, responsável pela Doença de Chagas.
O produto foi utilizado durante a Segunda Guerra para matar piolhos e pulgas. Era jogado diretamente no corpo dos soldados e usado sem a menor proteção. Estudiosos acreditam que os resíduos químicos desse agrotóxico levam pelo menos 100 anos para se dispersar no solo. Dados comprovam que o BHC atinge o sistema nervoso central das pessoas.
Antes do Brasil, alguns países decidiram retirar o BHC de circulação nos anos 60, como os Estados Unidos. Hoje, é considerado um dos 12 poluentes mais perigosos já fabricados e tem classificação de lixo tóxico.
Recomendação
Os produtores têm que cadastrar o estoque de BHC junto a Emater, IAP, ou Secretaria da Agricultura
O produtor que se autodenunciar não sofrerá punição
Estocar o produto em local seco e fechado
Manter longe do alcance de animais e pessoas
Não deixar o produto cair no solo, evitando contaminação de minas e rios