Clima irregular redefine decisões da segunda safra
Além do clima, o fator econômico também pesou nas decisões
Além do clima, o fator econômico também pesou nas decisões - Foto: Pixabay
A irregularidade das chuvas no Centro-Oeste passou a dominar o planejamento da segunda safra. Entre novembro e janeiro, diversas regiões registraram volumes entre 20% e 45% abaixo da média histórica, segundo dados do Inmet. O MATOPIBA e parte de Mato Grosso do Sul foram os mais afetados, com veranicos prolongados alternados por chuvas técnicas concentradas em curtos períodos, o que comprometeu a regularidade hídrica ao longo do ciclo.
O atraso no plantio da soja, com áreas entrando no campo até 20 dias depois do intervalo considerado ideal, reduziu de forma significativa a janela operacional do milho. Esse movimento empurrou a semeadura da segunda safra para períodos de maior risco climático. Em Mato Grosso, dados do IMEA indicam que o plantio deve avançar para depois de 25 de fevereiro em grande parte das regiões, fase em que a curva de risco hídrico se eleva. A safra 23/24 já havia mostrado os efeitos desse cenário, com prejuízos expressivos no milho safrinha implantado fora da janela, afetado por seca e calor intenso, com perdas superiores a 30% em alguns polos produtivos.
Além do clima, o fator econômico também pesou nas decisões. A queda nos preços do milho, entre R$ 8 e R$ 12 por saca em várias praças no primeiro trimestre, reduziu a atratividade da cultura. Em um ambiente de margens mais apertadas, produtores passaram a priorizar sistemas com menor oscilação produtiva, mesmo com potencial inferior de rendimento.
Esse contexto abriu espaço para alternativas como o milheto granífero, que se destaca pela menor exigência hídrica e pela regularidade em anos adversos. Com necessidade em torno de 300 milímetros por ciclo, a cultura tem mantido produtividade mesmo diante de falhas de chuva em janeiro e fevereiro, cenário observado em áreas de Goiás, Mato Grosso do Sul e oeste da Bahia.