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Clima leva prejuízo à cadeia do leite

Falta ou excesso de chuva vão reduzir produção dos três maiores produtores do país: Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná


Falta ou excesso de chuva vão reduzir produção dos três maiores produtores do país: Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná

Os efeitos climáticos gerados pelo fenômeno La Niña devem fazer com que o setor leiteiro nacional reveja sua previsão de crescimento para 2012. A estiagem que castiga os campos da Região Sul e as fortes chuvas no Sudeste estão gerando graves problemas aos três maiores estados produtores de leite do país. Em Minas Gerais, responsável por 30% da produção nacional, os prejuízos têm origem nas enchentes da primeira quinzena de janeiro. Já Rio Grande do Sul e Paraná, segundo e terceiro no ranking com 12% e 11%, respectivamente, sofrem com a seca desde o final do ano passado.


Ainda não há um levantamento oficial dos prejuízos, mas especialistas do setor garantem que, após o trauma deste ano, a recuperação da produção será complexa.

No Paraná, a estiagem que gerou perdas superiores a R$ 2,5 bilhões na agricultura em diversas regiões do estado também terá reflexo sobre a pecuária leiteira estadual. No Sudeste, região que mais produz leite no estado desde 2010, quando ultrapassou o Oeste, os produtores estão convivendo com a dificuldade de alimentar os animais.

“A estiagem pegou a região de grandes produtores. Teremos reflexo durante os próximos 10 meses, já que a seca implica na baixa qualidade da silagem”, aponta Ronei Volpi, presidente da comissão de bovinocultura de leite da Federação de Agri­­cultura do Paraná (Faep). “A previsão era crescer [no Paraná] na ordem de 5%. Teremos que rever esse número.”

O produtor Haroldo Farinon, proprietário de uma fazenda em São Lourenço do Oeste, distante 28 quilômetros da cidade de Pato Branco [Sudoeste], registrou queda na produção. A seca deixou o pasto duro e seco. Com isso, a média de leite retirado das suas 40 vacas leiteiras caiu de 22 litros por animal/dia para 16 litros por animal/dia.

“Os sintomas da estiagem são na pastagem, já que a falta de água impede a rebrota dos pastos. Como diminuiu a oferta de comida para os animais também diminuiu a produção de leite”, diz Farinon, que avalia utilizar o milho inviável para comercialização para alimentar os animais. “Mesmo assim, o alimento não será de alta qualidade”, complementa.


Concorrência

No Rio Grande do Sul, a seca também atinge a principal região produtora do estado. O Noroeste concentra 65% da produção gaúcha. De acordo com Rafael Ribeiro, consultor da Scot Con­­sultoria, as perdas no estado giram em torno de 1 milhão de litros de leite por dia desde o início da seca. “O déficit já está entre 30 e 50 milhões de litros desde o final de dezembro”, afirma.

“Em alguns municípios da região, os produtores não têm água para dar aos animais. É um dado concreto de que vai haver quebra”, aponta o assistente técnico estadual em leite da Embrapa/RS, Breno Kirchos.

Diferente dos dois estados do Sul, o problema em Minas Gerais é o excesso de chuva. As enchentes do iníco do ano atingiram diversas regiões do estado, inclusive importantes áreas produtoras de leite, inundando empresas de laticínios e pastagens. Porém, o principal problema enfrentado pelo setor é o escoamento da produção.

“Muitas estradas foram destruídas, o que dificultou a entrega do leite e a chegada de ração em diversos pontos. Mas, a questão logística já está sendo resolvida”, diz o diretor técnico da Emater/MG, José Rogério Lara.

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