Com oferta ajustada e clima adverso, café tem preços históricos em 2025
Preços do café arábica ultrapassaram R$ 2.500 por saca de 60 k
Foto: Pixabay
Os preços do café arábica ultrapassaram R$ 2.500 por saca de 60 kg, com média real de R$ 2.565,41 em fevereiro, já corrigida pelo IGP-DI. Trata-se do maior patamar real desde o início da série histórica do Cepea, em 1999.
Esse desempenho ocorreu mesmo com a previsão de safra brasileira ligeiramente superior à anterior, estimada em 56,5 milhões de sacas pela Conab. No entanto, o clima irregular nos primeiros meses do ano — com atraso nas chuvas em 2024 e calor intenso entre fevereiro e março — comprometeu o desenvolvimento dos grãos, especialmente nas principais regiões produtoras.
No cenário internacional, a sustentação dos preços foi reforçada por estoques globais apertados, pela expectativa de menor produção de robusta no Vietnã e pelas dúvidas sobre o desempenho da safra brasileira. A demanda global permaneceu firme ao longo do ano, enfraquecendo levemente apenas a partir do segundo semestre.
Mesmo com recuo pontual em julho, devido à entrada da safra, os preços do arábica mantiveram-se acima de R$ 2.000/saca durante quase todo o ano. A valorização foi impulsionada novamente a partir de agosto, após o anúncio de nova tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros. O acréscimo de 40% sobre a alíquota já vigente de 10%, totalizando 50%, elevou ainda mais os valores, até a retirada da sobretaxa em novembro.
No mercado de café robusta, o Cepea também registrou a maior média real da série histórica em fevereiro. A oferta restrita sustentou os preços, apesar de oscilações ao longo do ano. A boa safra brasileira e uma produção superior à esperada no Vietnã trouxeram alguma pressão baixista nos preços no segundo semestre. No entanto, novas incertezas climáticas nos dois países, especialmente nos últimos meses do ano, mantiveram o cenário de instabilidade.
O ano de 2025 foi marcado por forte oscilação nos mercados de café, com altas históricas e volatilidade sustentada por clima irregular, oferta limitada e fatores externos, como barreiras comerciais. Para 2026, o setor segue atento à evolução do clima e aos desdobramentos da política comercial internacional.