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Como evitar a deriva na aplicação do dicamba

Tecnoloia "traz consigo, de forma imperiosa, a necessidade do domínio da tecnologia de aplicação"


Foto: Divulgação

Os diversos casos de volatilização de herbicidas, notadamente o dicamba nos Estados Unidos, levantaram dúvidas sobre a segurança dessa tecnologia em todo o mundo. O professor João Paulo Rodrigues da Cunha, da Universidade Federal de Uberlândia (MG), no entanto, afirma que essa ferramenta é segura e importante, e aponta o caminho para evitar a deriva.

“Grande parte das objeções tem sua origem em problemas ou acidentes ocorridos no campo, frutos do uso incorreto dos defensivos. Desta forma, o domínio da tecnologia de aplicação é fundamental, de forma a garantir que os produtos aplicados cheguem ao alvo desejado, sem contaminar o ambiente e as pessoas envolvidas”, afirma Cunha.

Ele explica que a tecnologia de aplicação é uma ciência que evoluiu muito nos últimos anos, e com o domínio e implementação das boas práticas agrícolas, é possível realizar corretamente a redução de volumes de calda, a seleção de adjuvantes, as misturas em tanque e pulverizar maiores áreas por máquina.

“Alguns produtos, caso sejam incorretamente empregados, ou seja, sem a implementação das boas práticas de aplicação, poderão causar prejuízos a agricultores, sejam eles usuários ou não. O emprego do herbicida dicamba é um exemplo. O desenvolvimento de cultivares de soja tolerantes a este herbicida é uma importante estratégia desenvolvida visando novas alternativas no controle de plantas daninhas resistentes aos herbicidas, com consequente aumento de produtividade das lavouras”, aponta.

De acordo com o especialista, essa nova tecnologia, apoiada na biotecnologia, assim que disponibilizada ao agricultor brasileiro representará “mais uma ferramenta na batalha pela proteção da produtividade. No entanto, traz consigo, de forma imperiosa, a necessidade do domínio da tecnologia de aplicação. Não que a mesma não o fosse para os demais produtos, mas porque o uso incorreto poderá ser visto na injúria em algumas plantas sensíveis, como a própria soja não tolerante ao herbicida”.

“De posse de sais e formulações de dicamba que apresentem baixo risco de volatilização, os agricultores deverão selecionar pontas de pulverização adequadas, além de adjuvantes redutores de deriva, que gerem a menor quantidade possível de gotas finas, empregar volumes de calda que permitam boa cobertura do alvo, mesmo trabalhando com gotas extremamente grossas, e se atentarem às condições meteorológicas durante as aplicações. Elevada temperatura, baixa umidade relativa do ar e ventos fortes são inimigos de uma pulverização segura de qualquer defensivo agrícola”, destaca o professor.

Outro ponto muitas vezes relegado a segundo plano no cotidiano diário das fazendas, ressalta ele, refere-se à limpeza dos tanques e componentes do circuito hidráulico dos pulverizadores: “Resíduos de herbicidas impregnados nos tanques podem causar injúrias em plantas sensíveis em aplicações subsequentes, a ponto de interferir na produtividade. Portanto, criar a rotina da limpeza é e será cada vez mais fundamental. No caso do dicamba, a pesquisa já comprovou que 3 enxágues do tanque com água são suficientes para promover sua limpeza, embora aditivos estejam sendo testados inclusive para tornar esse procedimento mais rápido e seguro”.

“Sem dúvida, o futuro nos trará novos desafios na proteção dos cultivos, mas a tecnologia de aplicação estará presente para auxiliar o agricultor a atingir seus objetivos, de forma sustentável. Capacitar operadores e regular, calibrar e avaliar pulverizadores farão parte, cada dia mais, da rotina das fazendas”, conclui o especialista.

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