CI

Consumo de café no mercado interno cresce no primeiro trimestre


O consumo de café no mercado interno cresceu no primeiro trimestre do ano, a despeito do verão, estação que, em geral, provoca retração das vendas em algumas regiões do País, a exemplo do Sudeste. "O verão foi um pouco mais frio e com grande volume de chuvas. Estes fatores favoreceram o consumo no começo do ano", diz Nathan Herzskowicz, diretor da Associação Brasileira da Industria de café (Abic).

De fato, o clima mais ameno inibiu a queda do consumo, conforme verificado na Sondagem Conjuntural da Industria de café (SCIC), pesquisa mensal realizada pela Abic, apontando recuperação das vendas a partir do mês de março. No período, as vendas cresceram 15% em relação ao resultado de fevereiro e 4% na comparação ao resultado obtido no mês de junho, considerado mês de base para a pesquisa e tido como referência para o consumo de café.

Ainda no mês de março, os preços no varejo registraram ligeira elevação em razão do aumento das cotações da matéria-prima e outros insumos. Em São Paulo, os preços médios praticados do café tradicional se situaram em R$ 7,53 por quilo em março, um aumento de 4,5% sobre os preços de fevereiro, de R$ 7,20 o quilo. Ainda segundo levantamento do SCIC, em janeiro de 2004 as vendas cresceram 2,54% sobre junho de 2003, enquanto em fevereiro as vendas caíram 8,6%.

"Neste ano a retração se concentrou nos dois primeiros meses do ano", diz Raymond Rebetez, diretor do Astro Café, empresa com três anos de atuação no segmento de cafés especiais.

Segundo ele, a queda em janeiro chegou a 20%, enquanto em março as vendas reagiram e registraram alta de 15%. Para Rebetez, a utilização do café em drinks está ajudando a elevar o consumo nos meses de verão. "É uma iniciativa de introduzir um público novo ao mercado, que é nitidamente caracterizado por pessoas acima de 30 anos", diz.

A Astro vende 4 mil quilos de café por mês em cafeterias, restaurantes, hotéis e varejo especializado. Já a Cacique, dona da marca Café Pelé, uma das líderes de mercado, registrou aumento de 5% nas vendas do primeiro trimestre do ano, sobre igual período do ano passado. "Percebemos deslocamento de consumo em razão das férias e carnaval, mas, mesmo no verão, as pessoas continuam comprando café para fazer em casa", afirma Marcio Pereira, gerente de produto da companhia. Para o ano, a empresa estima um aumento de 10% no volume sobre 2003.

O consumo interno de café no Brasil, em 2003, alcançou as 13,71 milhões de sacas, colocando o País como na segunda posição do ranking dos maiores consumidores mundiais, atrás, apenas dos Estados Unidos, segundo levantamento da Abic. Em vendas, este total representou negócios de R$ 3,8 bilhões, e coloca o café torrado e moído, como uma das mais significativas categorias de produtos distribuídos pelo varejo supermercadista, setores da gastronomia, hotelaria e refeições industriais.

Apesar do resultado, o consumo de café torrado e moído, pela primeira vez em quatorze anos, apresentou queda, de 2,34%, em relação a 2002. "A retração se deve à queda no poder de compra da população, como resultado das incertezas econômicas no período 2002 a início de 2003, que afetou, igualmente, inúmeros resultados de outros setores", diz o diretor da Abic.

Vendas externas

Em volume de vendas, a projeção da Abic aponta vendas de R$ 4,3 bilhões para o mercado interno, como o resultado do realinhamento de custos havidos no início de 2004, em função, principalmente, dos aumentos do café verde, cuja saca aumentou mais de 20% nos últimos quatro meses terminados em março. Já as vendas externas de café torrado e moído, devem se situar em R$ 85 milhões (U$ 29 milhões).

Nessas condições, a Abic projeta vendas totais do setor - mercado interno mais exportações - de R$ 4,39 bilhões, ou, cerca de U$ 1,5 bilhão, aproximadamente.

Foi verificado em 2003 que concentração no setor continua se acentuando. As 100 maiores empresas respondem por 61,8% das vendas, contra 59,85% em 2002.

No período, as 100 maiores empresas apresentaram um crescimento de 2,69% em volume, enquanto outras 385 empresas declararam redução nas vendas, de 6%. Além disso, o consumo per capita decresceu aos níveis de 1999. Seu valor, de 3,72 kg por habitante/ano, cerca de 65 litros da bebida para cada brasileiro, coloca o Brasil como o 14 maior consumidor mundial, mas bem abaixo dos campeões mundiais, que são Finlândia e Noruega, que consomem 9,6 e 7,7 quilos por habitante/ ano, respectivamente.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.