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Contratos de álcool em NY vão estimular exportação


Os contratos futuros e de opções de álcool vão passar a fazer parte, a partir de maio, do "casting" da New York Board of Trade (Nybot), com 124 anos de história, elevando o produto - que teve impulso no Brasil como combustível - à categoria de commodity internacional, dividindo o mesmo espaço com açúcar, café, algodão, cacau e suco de laranja. Em entrevista ao Valor, Bernard Savaiko, economista da Nybot, diz que os contratos futuros do álcool vão dar maior transparência às negociações do produto e serão um instrumento com capacidade de administrar o crescimento das exportações no mercado internacional.

As especificações técnicas desses novos contratos, discutidos à exaustão desde o final do ano passado, com a ajuda de players brasileiros, já estão formatadas. Os contratos futuros entram em operação no dia 7 de maio; os de de opção, no dia 10. O pregão será das 8h50 às 12h (horário de Nova York). As características do álcool negociado em bolsa será o tipo anidro desnaturado, cotados em centavos de dólar por lote de 7,75 mil galões americanos (cada galão tem 3,8 litros), alinhados com os contratos 11 de açúcar. Os meses de vencimentos desses contratos serão em fevereiro, abril, junho, setembro e novembro. Serão nove os países de origem, com Brasil e os Estados Unidos incluídos.

Segundo Savaiko, os contratos internacionais foram criados para atender a todos os players de mercado. Brasil e os Estados Unidos são os maiores produtores, respectivamente, movimentando juntos quase 22 bilhões de litros/ano. Segundo ele, as indústrias, assim como os produtores, já se articulavam por uma estrutura de preços eficaz para que pudessem tomar decisões futuras nesse setor.

A demanda por álcool no mercado internacional tem crescido. A bolsa observa com bons olhos o movimento do Japão, um dos maiores importadores de álcool para fins industriais, e da União Européia, que poderá importar o produto para utilizar na mistura com a gasolina para reduzir as emissões de poluentes, uma das bases do Protocolo de Kyoto.

Para o economista, muitas indústrias estavam relutantes em fazer investimentos necessários de infra-estrutura em suas fábricas por não haver uma mecanismo de hedging para o álcool. "A mensagem do mercado é de que a Nybot está introduzindo os contratos de álcool que servirão como um catalisador para apressar a evolução da indústria. Os contratos internacionais vão oferecer o instrumento de hedging para administrar o crescimento no mercado internacional", diz o economista da Nybot.

O economista evita fazer comparações sobre o desempenho da commodity com a Bolsa de Mercadorias & Futuro (BM&F), onde o álcool é negociado desde março de 2000. Para Savaiko, a bolsa de Nova York poderá atrair um número maior de investidores por ter mais tradição no mercado internacional. Em um primeiro momento, não é esperada a mesma liquidez dos contratos futuros de açúcar. "Mas são contratos que complementam um ao outro", afirma.

Na bolsa de Chicago, também há sinalizações de que até o final do ano serão lançados contratos futuros de álcool, derivados de milho. Na Nybot, a notícia não assusta, uma vez que, segundo Savaiko, os contratos em NY têm como foco beneficiar todos os países.

"A existência da bolsa de futuros garante uma referência externa de preços, facilitando a transação internacional", observa Júlio Maria Martins Borges, da Job Economia e Planejamento. "Temos de aguardar, na prática, a consolidação desses contratos por meio da liquidez que será gerada", diz. Como trader, afirma Martins Borges, a liquidez virá com o tempo. "A bolsa de Nova York conquistou sua visibilidade ao longo de décadas", observa.

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