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Cotações da soja iniciaram a semana em forte alta

E no Brasil, os preços apresentaram um viés de baixa, apesar de Chicago e de um câmbio que voltou a oscilar perto de R$ 5,20 em momentos da semana


Foto: Divulgação

As cotações da soja, em Chicago, iniciaram a semana em forte alta, puxadas pelas surpresas trazidas pelo relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado dia 12/09. Posteriormente, o mercado cedeu em função das fortes vendas por parte da Argentina; da expectativa de área recorde a ser semeada no Brasil; e do iminente início de colheita nos EUA. Assim, o bushel da oleaginosa fechou a quinta-feira (15) em US$ 14,51, considerando que o primeiro mês passou a ser novembro/22. Uma semana antes o fechamento havia sido de US$ 14,70.

O relatório do USDA indicou o seguinte, para a safra 2022/23:

1)    Uma colheita, nos EUA, de 119,2 milhões de toneladas, contra 123,3 milhões no relatório anterior e contra expectativas do mercado que chegavam acima de 124 milhões de toneladas;
2)    Os estoques finais estadunidenses, com isso, foram reduzidos para 5,4 milhões de toneladas, contra 6,7 milhões um mês antes;
3)    A produção mundial de soja recua para 389,8 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais caem para 98,9 milhões. No caso da produção, um recuo de 3 milhões de toneladas sobre agosto e no caso dos estoques uma redução de 2,5 milhões;
4)    As importações da China recuaram de um milhão de toneladas, ficando agora com um total projetado de 97 milhões de toneladas;
5)    A produção brasileira e argentina seria de 149 e 51 milhões de toneladas respectivamente;
6)    O preço médio ao produtor de soja dos EUA foi mantido em US$ 14,35/bushel.

Afora isso, o mercado absorveu a informação de que as condições das lavouras de soja nos EUA, no dia 11/09, pioraram um pouco, registrando 56% entre boas a excelentes, 29% regulares e 15% entre ruins a muito ruins.

Por outro lado, na Argentina, apoiados pelo “câmbio soja”, os produtores locais comercializaram 15,2% de toda a safra 2021/22 em apenas sete dias, de uma safra total frustrada na colheita passada, atingindo somente 44 milhões de toneladas. Lembramos que a Argentina é o maior exportador mundial de óleo e farelo de soja e, até o mês passado, seus produtores seguravam mais soja do que o normal, diante da crise econômica local, que gera incertezas, e que inclui uma projeção de inflação, para o final de 2022, em torno de 95%. Em números absolutos, em sete dias foram vendidas 6,7 milhões de toneladas de soja por parte dos produtores argentinos, favorecidos, agora, pelo novo câmbio, o qual irá durar apenas até o dia 30/09, segundo o governo local. Recordando: desde o dia 05/09, por decisão do governo argentino, os produtores de soja locais, ao venderem sua soja para exportação, receberão uma taxa de câmbio de 200 pesos por dólar, quando o mercado prática, neste momento, 142,80 pesos. Essa medida favorável irá até o dia 30/09, fato que leva os produtores a acelerarem suas vendas da oleaginosa. Até o dia 10/09 os produtores argentinos haviam comercializado 57% do total colhido na última safra, ficando ainda abaixo do registrado um ano antes.

E no Brasil, os preços apresentaram um viés de baixa, apesar de Chicago e de um câmbio que voltou a oscilar perto de R$ 5,20 em momentos da semana. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 170,85/saco, enquanto as principais praças locais trabalharam com R$ 171,00. Nas demais praças nacionais os preços da soja oscilaram entre R$ 160,00 e R$ 171,00/saco.

Em novo levantamento, a Conab projeta uma área de soja, na futura safra brasileira que se inicia, com crescimento de 3,54%, podendo alcançar um total de 42,4 milhões de hectares. A produtividade média seria de 59,1 sacos/hectare, ou seja, 17,1% superior à alcançada na frustrada safra passada, fato que resultaria em uma colheita total de 150,4 milhões de toneladas neste ano 2022/23. Lembrando que algumas consultorias privadas chegam a projetar uma colheita de até 153 milhões de toneladas, embora os altos custos de produção e de um cenário de preços médios menores. Em tal contexto, novamente a orientação para a realização de médias de comercialização assume relevância, como sempre tem sido. Será preciso muito planejamento comercial por parte do produtor brasileiro, visando reduzir os riscos de mercado, associados ao elevado custo de produção.

Quanto às exportações, a Conab informa que, entre janeiro e agosto do corrente ano, o Brasil vendeu ao exterior 66,6 milhões de toneladas do grão de soja, com um recuo de 8,3% sobre o mesmo período do ano anterior. No caso do farelo, o volume ficou em 14,1 milhões de toneladas, crescendo 21,7%, enquanto o óleo de soja atingiu a 1,7 milhão de toneladas, com um incremento de 62,7% sobre o mesmo período do ano anterior. O órgão público igualmente reviu o volume colhido da última safra, com o mesmo ficando em 126,9 milhões de toneladas, com um processamento de 48,9 milhões. O total a ser exportado em grãos de soja, no ano, somaria 77 milhões de toneladas e o de farelo 18,7 milhões. Ao mesmo tempo, o consumo interno de óleo de soja recuaria para 7,8 milhões de toneladas. A receita total nas exportações do complexo soja brasileiro, em 2022, chegaria a US$ 58 bilhões.

Enfim, a título de curiosidade, os produtores do Mato Grosso plantarão 491.600 hectares de soja convencional nesta próxima safra, o que indica um aumento de 34,6% sobre o ano anterior. No Paraná, a área desta soja passará para 264.300 hectares, contra 211.500 no ano anterior. Goiás irá semear 85.300 hectares de soja não- transgênica, com um aumento de 32,2% sobre o ano anterior. De acordo com dados do Instituto Mato-grosssense de Economia Agropecuária (Imea), a média de produtividade das variedades de soja convencional no Mato Grosso, na safra 2021/22, foi de 65,5 sacos por hectare. Já a safra de soja total daquele Estado teve média de 59,3 sacos por hectare, ou seja, as variedades convencionais superaram a média estadual em 6,2 sacos por hectare. Porém, é preciso considerar que tal comparação se dá entre uma área bem menor em relação a uma área significativamente maior (a transgênica) onde, geralmente, a produtividade média tende a cair. Enfim, pelas projeções existentes até o momento, o plantio de soja convencional, no Brasil, deverá alcançar 2,4% do total semeado no país, ou seja, algo em torno de um milhão de hectares.

A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

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