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Cotações do milho estão firmes

Efeito da colheita não tem sido consequente para reduzir as cotações


Foto: Marcel Oliveira

As cotações do milho em Chicago se mantiveram firmes nesta semana, acima dos US$ 4,00/bushel, fechando a quinta-feira (22) em US$ 4,16, para o primeiro mês cotado, contra US$ 4,03 uma semana antes. E também aqui o efeito da colheita não tem sido consequente para reduzir as cotações, contrariando as expectativas iniciais. Isso porque a mesma já chegava a 60% da área esperada no dia 18/10, contra a expectiva do mercado em 52% e contra a média histórica de 43% para esta época. Do que faltava colher, 61% se encontrava em condições entre boas a excelentes.

De acordo com a análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA), as exportações estadunidenses do cereal somaram 655.200 toneladas na semana encerrada em 08/10, sendo o volume 63% menor do que a média das quatro semanas anteriores. Os EUA já teriam comprometido com o exterior 26,5 milhões de toneladas de milho neste ano comercial, ou seja, 16 milhões de toneladas acima do que havia sido feito no mesmo período do ano anterior. Já a semana encerrada em 15/10 viu os embarques subirem para 911.012 toneladas, superando o esperado pelo mercado.

Assim, no atual ano comercial os EUA já embarcaram 5,4 milhões de toneladas, contra pouco mais de 3 milhões em igual momento do ano anterior, ou seja, 77% a mais. Este fato, em especial, está sustentando as cotações. Ao mesmo tempo, a produção de etanol nos EUA recuou para o nível mais baixo em três semanas, enquanto os estoques igualmente recuaram.

Por sua vez, na Argentina, o plantio da nova safra de milho chegou a 23,3% da área esperada neste início de semana, estando atrasado em 5,3 pontos percentuais em relação ao ano passado. O clima seco é o causador deste atraso. E no Brasil os preços continuaram subindo diante de uma demanda importante, tanto interna quanto externa, assim como diante das ameaças de uma safra de verão menor
devido aos problemas que a seca vem causando no plantio e desenvolvimento inicial das lavouras no Centro-Sul do país. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 64,38/saco, enquanto os preços nas demais praças nacionais assim ficaram: R$ 62,00 a R$ 63,00 no Paraná; R$ 59,00 em Campo Novo do Parecis (MT); R$ 69,00 em Maracaju (MS); R$ 75,00 em Itapetininga (SP); R$ 80,00 no CIF Campinas (SP); e R$ 66,00/saco em Jataí e Rio Verde (GO).

Já na BM&F o vencimento novembro bateu em R$ 85,93/saco; janeiro em R$ 85,28; março em R$ 83,50; e maio em R$ 80,20/saco. Diante do atual câmbio, acima de R$ 5,60 por dólar, mesmo com a retirada da tarifa externa comum do Mercosul para o milho procedente de países de fora do bloco, o  milho importado dos EUA, por exemplo, estaria chegando aos portos brasileiros ao re dor de R$ 75,00/saco, e chegando às indústrias acima de R$ 80,00/saco. Isso elevou o preço do milho disponível no mercado interno.

E a safra de verão, com o atraso no plantio e a seca que atinge muitas regiões, além de atrasar mais uma vez a colheita, pode não alcançar o volume esperado de 27,9 milhões de toneladas no país. Isso está levando o mercado a monitorar de perto o comportamento climático no Centro-Sul brasileiro, além de precificar parcialmente esta possibilidade. Em termos regionais, o plantio do milho no Rio Grande do Sul teria chegado a 66% da área esperada até meados de outubro, segundo a Emater/RS, contra a média histórica de 60%. A seca vem atrapalhando consideravelmente a semeadura do cereal, assim como causando prejuízos aos que já plantaram. Em alguns caso, há necessidade de replantio total do milho. Nestas condições, se não chover rapidamente, as perdas com o cereal já começarão a ser contabilizadas.

No Paraná, a janela ideal para o plantio do milho de verão está se fechando, com 86% da área esperada semeada. Assim, poderá haver problemas na finalização da mesma, embora as chuvas tenham retornado em muitas regiões do Estado. Das lavouras semeadas, 83% ainda apresentavam condições boas. (cf. Deral) Já no Mato Grosso, os estoques de milho continuam apertados e assim deverão continuar em todo o ano de 2020/21. A última safra de milho 2019/20 gerou um total de 35,4 milhões de toneladas, enquanto a demanda cresceu 25,8% apenas para o consumo interno. Para o próximo ano se espera um aumento na produção de 2,4%, (levando a mesma para 36,24 milhões de toneladas) enquanto a demanda tende a atingir a 21,3 milhões de toneladas na exportação e 15,04 milhões no consumo interno, perfazendo um total de 36,34 milhões de toneladas. Nestas condições, e já considerando os estoques de passagem do ano anterior para o atual, os estoques finais de milho no Estado, em 2020/21, deverão ficar em apenas 20.000 toneladas. (cf. Imea)

Enfim, em Santa Catarina, a falta de chuvas já está comprometendo a nova safra de verão. Não se espera mais alcançar uma produção de 2,5 milhões de toneladas de milho, levando o Estado a importar ainda mais o cereal do que o normal, já que a indústria de carnes continua aumentando seus volumes de produção. O déficit hídrico, em meados de outubro, atingia a 700 milímetros no acumulado do corrente ano em Santa Catarina. (cf. Faesc)

Estes fatos e a forte demanda, igualmente externa, mantêm em alta os preços do milho no Brasil. Aliás, a demanda interna elevou o valor do prêmio nos portos, com o mesmo batendo em US$ 1,55/bushel, se valorizando mais de 80% nos últimos três meses. Vale ainda salientar que o Indicador Esalq/BM&FBovespa, com base na região de Campinas (SP), atingiu a R$ 70,72/saco, com alta de 11,1% na parcial de outubro. Com estas altas, quem possui milho acaba colaborando para novas elevações já que segura o produto. Estas altas atingem em cheio os custos de produção das indústrias
processadoras do cereal, com aumento da inflação geral no país, fato que levou o governo, então, a zerar a tarifa externa comum do Mercosul, para produto importado de países de fora do bloco, até o dia 31/03/2021. Porém, se o câmbio continuar nos atuais níveis, pouco resolverá a redução de tal tarifa, como vimos anteriormente. 

Por outro lado, segundo a Secex, o Brasil exportou, nos 11 primeiros dias úteis de outubro, um total de 2,93 milhões de toneladas de milho, lembrando que em setembro o volume total atingiu a 6,6 milhões de toneladas. A performance de outubro já não é tão boa, ficando a média diária 15,2% menor do que a média do mês anterior e 2,6% menor do que a média diária de outubro de 2019. O preço médio da tonelada em outubro veio agora para US$ 167,20.

Por enquanto, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) estima que a exportação brasileira de milho em outubro atinja a 5,2 milhões de toneladas, o que representaria quase 5% abaixo do exportado em outubro de 2019. De janeiro a setembro o Brasil exportou 20,1 milhões de toneladas do cereal.

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