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Cotações do trigo despencaram

Recuo foi acentuado com a proximidade do anúncio do novo relatório de oferta e demanda do USDA


As cotações do trigo em Chicago, depois de iniciarem a semana em alta (US$ 5,12/bushel no dia 06/07, para o primeiro mês cotado), despencaram na sequência. O fechamento desta quinta-feira (12) ficou em US$ 4,82/bushel, após ter batido em US$ 4,69 na véspera.

O motivo inicial da alta foi o anúncio de que a União Europeia poderá colher até 6 milhões de toneladas a menos de trigo neste ano devido a problemas climáticos. Na Alemanha, por exemplo, a quebra seria de 15%. 

Passado este impacto, no restante da semana o processo foi de baixa nos preços. O mesmo iniciou com um ajuste técnico por parte do mercado, com a realização de lucros por parte dos operadores. Ajudou para isso os baixos números de exportação estadunidense, os quais ficaram em 440.100 toneladas na semana encerrada em 28/06, enquanto as inspeções de exportação somaram 268.221 toneladas na semana encerrada em 5 de julho.

O recuo foi acentuado com a proximidade do anúncio do novo relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado neste dia 12/07. Tal relatório indicou um aumento no volume da safra estadunidense, porém, reduziu bastante a safra mundial do cereal. No geral, o relatório acabou sendo altista para as cotações do trigo, porém, o fato de que as condições das lavouras de trigo de primavera nos EUA, até o dia 08/07, estarem bem melhores do que o esperado pelo mercado, segurou a retomada.

O relatório do USDA trouxe os seguintes números para o trigo:

1)    A área a ser colhida com o cereal nos EUA igualmente foi aumentada, passando agora para 16 milhões de hectares, ou seja, + 1,8% sobre o indicado em junho;
2)    A produção total de trigo nos EUA está agora projetada em 51,2 milhões de toneladas, com ganho de 1,5 milhão sobre junho;
3)    Os estoques finais dos EUA, em 2018/19, ficam projetados em 26,8 milhões de toneladas, ou seja, + 4,1% sobre junho, porém, 10,4% a menos do que o estimado para o corrente ano comercial 2017/18;
4)    Os preços médios aos produtores de trigo estadunidenses, no novo ano comercial, passam agora para valores entre US$ 4,50 e US$ 5,50/bushel, com um recuo de 10 centavos de dólar em relação a junho;
5)    A produção mundial de trigo passa agora para 736,3 milhões de toneladas, com redução de 8,5 milhões de toneladas sobre junho devido as quebras de safra na Austrália, União Europeia, Rússia e Ucrânia;
6)    A produção brasileira de trigo para o ano 2018/2019 permaneceu em 4,9 milhões de toneladas, bem abaixo do estimado pelos institutos brasileiros de pesquisa;
7)    A produção argentina de trigo foi mantida em 19,5 milhões de toneladas, com exportações de 14,2 milhões;
8)    As importações brasileiras do cereal deverão atingir a 7,5 milhões de toneladas no próximo ano comercial.

Enfim, o início prático da guerra comercial entre EUA e China completou o quadro baixista no final da semana, pois as retaliações chinesas às tarifas estadunidenses tendem, também, a atingir o setor tritícola norte-americano.

Já no Mercosul, a tonelada FOB para exportação ficou cotada entre US$ 235,00 e US$ 255,00 na compra. Para a safra nova o valor da mesma permaneceu em US$ 195,00 na compra igualmente.

Aqui no Brasil, os preços continuam estáveis, com o balcão gaúcho fechando a semana na média de R$ 41,44/saco. Os lotes foram negociados na média de R$ 54,00/saco. No Paraná, o balcão registrou valores entre R$ 46,00 e R$ 50,00/saco, enquanto os lotes se mantiveram entre R$ 66,00 e R$ 70,20/saco. Em Santa Catarina, o balcão se manteve entre R$ 43,00 e R$ 44,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, ficaram em R$ 60,00/saco (cf. Safras & Mercado).

O mercado iniciou a semana em ritmo lento, diante da escassez de produto nacional, diante de moinhos abastecidos, graças a importações do cereal, e diante da proximidade da nova safra. Além disso, a indefinição na tabela de fretes igualmente continuou freando os negócios.

Quanto ao plantio, o mesmo está encerrado no Paraná, enquanto no Rio Grande do Sul estariam faltando cerca de 5% da área a ser semeada. Neste último estado o recuo da área, em relação ao ano passado, será de apenas 0,5%, com a mesma se estabelecendo em 695.700 hectares segundo a Conab. A recuperação da área semeada, em relação as previsões iniciais, está ligada a recuperação dos preços do cereal nas últimas semanas. As condições das lavouras continuam boas, porém, geadas atingiram pontualmente algumas lavouras no Paraná. Especialmente neste estado, a partir de agora, geadas que ocorram poderão causar prejuízos mais importantes no trigo. No Rio Grande do Sul, a preocupação fica sendo a partir de meados de agosto em relação a tal fenômeno.

Em termos gerais, a produção total de trigo no Brasil, para esta safra, continua sendo projetada em 6,3 milhões de toneladas, contra 4,4 milhões na frustrada safra do ano passado. Neste contexto, as importações de trigo deverão ficar em 6,5 milhões de toneladas no corrente ano comercial tritícola. O Paraná deverá produzir 3,2 milhões de toneladas e o Rio Grande do Sul 2,3 milhões (cf. Safras & Mercado), desde que o clima colabore até o final da safra.
 

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