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Cotonicultor fecha exportação até para 2010

Até o momento já foram negociadas 350 mil toneladas para entrega no ano que vem


A "febre do etanol" nos Estados Unidos vai estimular os produtores de algodão no Brasil. A estimativa é que, no próximo mês, o Conselho Nacional do Algodão daquele país (NCC, na sigla em inglês) anuncie uma queda na área plantada de 5% a 10%, abrindo espaço para as exportações brasileiras e para a melhoria do preço no mercado internacional.

A safra 2006/07 mal terminou de ser plantada e os cotonicultores brasileiros já estão contratando exportações até para 2010. Estimativas da Safras & Mercado mostram que até o momento já foram negociadas 350 mil toneladas para entrega no ano que vem. Nesta mesma época de 2006, eram 124 mil toneladas da safra seguinte contratadas. No ano passado, cerca de 10 mil toneladas da colheita 2007/08 tinham sido negociadas.

Para 2009 são 80 mil toneladas e para 2010, 5 mil toneladas contratadas atualmente. Até o momento 550 mil toneladas foram negociadas antecipadamente para o mercado externo da safra atual. Se efetivado, é o maior volume já exportado.

"Estamos vivendo um período em que o Brasil nunca esteve tão inserido como player como hoje", diz Miguel Biegai Júnior, analista da Safras & Mercado. Segundo ele, o algodão hoje é a cultura com menor rentabilidade naquele país, pois os preços do milho, soja e trigo estão mais remuneradores.

Os negócios contratados para as próximas safras estão saindo a valores de até US$ 0,60 por libra-peso quando atualmente o mercado está em US$ 0,54 a libra-peso. Peter Graham, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), diz que o Brasil está vendendo bastante para as próximas safras, pois o mercado externo facilita o financiamento da produção, enquanto o interno "compra da mão para a boca". O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Renato de Freitas, acrescenta que a exportação é importante para o produtor "travar" um preço que cubra o custo de produção antes mesmo de implantar a lavoura.

Freitas acredita que o curso da lavoura nos Estados Unidos irá influenciar o mercado a partir de agora e que, para a safra 2007/08 muito produtor vai aumentar a área cultivada e outros tantos irão migrar para a cultura por conta do "boom" esperado. Na safra atual, o cultivo foi 20% superior à passada, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o que significou praticamente um retorno aos patamares anteriores. A estimativa é que a colheita seja de 1,3 milhão de toneladas de plumas - acréscimo de quase 30% em relação à safra anterior.

O presidente do Grupo Maeda, Jorge Maeda, diz que a empresa já tem cerca de 35% da colheita de 2008 contratada para exportação. No entanto, segundo ele, esse volume é considerado "normal" para esta época do ano. "Ainda estou olhando a tendência para fechar os negócios de 2009 e 2010", afirma. Segundo ele, o pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ontem à noite (ver matéria acima) seria fundamental para analisar o mercado e ver se a "febre do etanol" vai se concretizar, afetando os produtores de algodão.

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