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Cresce a área com cana e recua a de laranja e arroz


Cultivo agrícola em São Paulo recuou 1,5% no triênio 1999/01, para 19,6 milhões de hectares, em relação ao 1996/98. Um estudo sobre o perfil agrícola do estado de São Paulo, que detém 40% da área agrícola do Brasil, realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), revela importantes mudanças no desempenho do setor rural. "A cana-de-açúcar continua se expandindo, substituindo outras atividades e que cresceu consideravelmente a área de cultivo de frutas de mesa", diz o pesquisador Alceu de Arruda Veiga Filho.

O novo mapa agrícola do estado, que tem a maior renda agrícola do Brasil, de R$ 20,3 bilhões, revela aumento da área de cultivo de feijão, mandioca, milho, seringueira e soja, além da cana-de-açúcar e das frutas, e redução no plantio de algodão, amendoim, arroz de sequeiro, hortaliças, café e laranja.

Além disso, foi detectada diminuição de 1,5% na área agrícola total para 19,6 milhões de hectares no triênio 1999/01, se comparada ao triênio 1996/98, quando a área total do estado somava 19,9 milhões de hectares. A redução reflete o crescimento natural da área urbana e o aumento da utilização de tecnologia no campo, o que permite ao agricultor reduzir área de cultivo e aumentar a produtividade.

A área agrícola total utiliza, em média,79% do total do território paulista. Dos 19,6 milhões de hectares, 28,8%, ou 5,7 milhões de hectares, são ocupados pelas principais culturas, 52,4%, ou 10,3 milhões de hectares, pelas pastagens e 18,8%, ou 3,7 milhões de hectares, por florestas. "Os estudos realizados ao longo da última década indicam que estamos caminhando para um modelo semelhante ao europeu, com redução da área agrícola em favorecimento da florestal", afirma.

Desempenho positivo

Os fatores que provocam a mudança do perfil agrícola do estado são diversos e vão desde ao deslocamento de fronteiras agrícolas ao intenso investimento em tecnologia, que resulta em ganhos de produtividade. O aumento da área da cana-de-açúcar, por exemplo, se deve à alta rentabilidade do setor. Já a área de feijão cresceu devido à estabilidade dos preços do grão, que, ao longo dos últimos anos, não registraram acentuadas oscilações.

A mudança no padrão de consumo do brasileiro impulsionou o plantio das frutas de mesa no estado. "O clima temperado é apto às culturas de mesa, como goiaba, uva, maracujá, manga, laranjas e mexericas", diz. O crescimento da área de cultivo de milho e de soja se deve basicamente ao estimulo econômico provocado pelo aumento das cotações no mercado internacional. Já a mandioca e a seringueira foram sustentadas pela demanda industrial.

"As seringueiras de São Paulo são as que registram maior produtividade do Brasil. A demanda das industrias estimulou a expansão dos seringais". O mesmo ocorreu com a mandioca, que teve o plantio alavancado pelos altos investimentos de industrias que exploram amidos. "A agricultura paulista mantém uma integração muito dinâmica com a industria processadora, o que favorece a expansão de atividades de alto valor agregado", afirma Veiga Filho.

Principais reduções

A tecnologia possibilitou a diminuição da área de cultivo de hortaliças sem que a produção fosse reduzida. O mesmo, entretanto, não ocorreu com as outras culturas que apresentam queda na área.

Em relação ao algodão e café, houve deslocamento para outros estados como Bahia e Minas Gerais no caso do café e a região Centro-Oeste no exemplo do algodão. Já a área de laranja vem caindo em parte devido à expansão da cana-de-açúcar e em parte devido à alta incidência de doenças como "morte Súbita" e "cancro cítrico".

A grande variabilidade dos preços do amendoim, que apresentam acentuadas oscilações é apontada pelo pesquisador como principal motivador para a queda da área plantada em São Paulo. Enquanto a mudança no hábito de consumidor paulista, que vem trocando o arroz de sequeiro pelo irrigado reduziu a área de sequeiro do estado. "A mudança de hábitos alimentares e introdução de novas atividades torna atividade dinâmica e mutável", informa o pesquisador.

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