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Cresce no País o cuidado com impacto ambiental

Seminário evidencia preocupação dos produtores em adotar métodos menos impactantes


Seminário evidencia preocupação dos produtores em adotar métodos menos impactantes

Os limites do modelo produtivo agrícola atual e a promoção de uma agricultura ecologicamente correta são os principais pontos dos debates do 11º Seminário Internacional sobre Agroecologia, iniciado ontem no auditório Dante Barone, na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia), Francisco Roberto Caporal, a preocupação em adotar métodos de produção menos impactantes ao meio ambiente tem crescido entre os agricultores brasileiros na última década.


"Está avançando muito mais rapidamente do que esperávamos, existem milhares de experiências no Brasil inteiro", destacou. Caporal acredita que um grande impulso para o crescimento dessa metodologia foi a introdução do tema entre instituições e centros de pesquisa, com a criação novos estudos e projetos voltados para facilitar a transição para do sistema agrícola tradicional para o agroecológico.

A expansão da agroecologia também foi destacada por Gervásio Paulus, diretor-técnico da Emater-RS e organizador do evento. "Há sinais de que há uma preocupação muito forte de estabelecer formas mais sustentáveis de relação e produção com o ambiente." Segundo Paulus, os segmentos produtivos que estão mais avançados na adoção de técnicas agroecológicos são a fruticultura e olericultura. O diretor lembrou que a Comissão de Produção Orgânica (CPOrg), ligada ao Ministério da Agricultura, está fazendo um levantamento para indicar o número de produtores agroecológicos no País, suas principais culturas e dados de produção.

Já no Rio Grande do Sul, a adoção da metodologia ecologicamente correta deve ganhar impulso com o programa estadual de apoio à produção agroecológica, que será lançado amanhã no seminário. Previsto no Plano Safra Estadual, o projeto buscará apoiar produtores que quiserem investir em produtos ecológicos. "Nosso objetivo é desenvolver a cadeia produtiva dos orgânicos, que tem um potencial de consumo crescente, devido ao maior interesse do público", destacou o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Ivar Pavan.

Durante o evento, Ladislau Dowbor, professor de Economia e Administração da PUC-SP, destacou que, com as tecnologias modernas e o avanço na biotecnologia, é possível que os pequenos e médios agricultores consigam altos rendimentos em suas terras mantendo padrões ecológicos de produção. "Pelos exemplos que existem na Europa e na China, é possível haver pequenas e médias propriedades mais intensivas e produtivas", lembrou.


Além disso, Dowbor lembrou que a diversificação de culturas em pequenas áreas faz com que as propriedades sejam mais eficientes. "Grandes monoculturas demandam muitos agrotóxicos e combustíveis, por exemplo. Já sistemas menores possuem ciclos mais coerentes, onde o adubo de animais serve para as hortas, e a mão de obra liberada de uma safra é empregada imediatamente no plantio de outros produtos."

Para o professor, o avanço da agroecologia depende do incentivo à organização cooperativa dos produtores, citando exemplos da Polônia, onde grupos de agricultores uniram-se de forma a criar serviços de apoio mútuo. "Quando não se dá suporte efetivo para os pequenos você os torna precários e diz que são pouco produtivos.

Mas quando geramos um sistema cooperativo ou público o salto de produtividade é fenomenal", destacou Dowbor.

O evento, que acontece até amanhã, reúne acadêmicos, pesquisadores, extensionistas e produtores rurais para discutir o papel da agroecologia na promoção do desenvolvimento rural sustentável.

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