Criação de caprinos surpreende pelo vigor dos resultados no PR
Enquanto a arroba do boi está em R$ 50, a dos caprinos já atinge R$ 120
Há cerca de sete anos o empresário Luciano Reginaldo Gonçalves, de Ivaiporã (PR), comprou as primeiras cabeças de cabritos com a intenção de garantir a carne dos animais nas festas da família. Mas o que era para ser um passatempo, hoje tornou-se a principal atividade na propriedade de 120 hectares, e o coloca como o maior criador de caprinos do Paraná.
A expansão da atividade, justifica Gonçalves, foi estimulada pela rapidez de reprodução dos animais, associada à busca de informações e reportagens veiculadas na imprensa. O rebanho atual é de 1.200 caprinos.
Como o objetivo da criação é a produção de carne, ele optou pela raça boer e possui 40 cabras e 15 bodes PO, utilizados para aperfeiçoamento do plantel. "Animais boer oferecem mais carne no traseiro e podem ser abatidos a partir dos 4 meses de vida, quando já atingiram 30 quilos. O rendimento da carcaça chega a 56%, quase três vezes mais do que os cabritos comuns", garante. Com os cruzamentos, realizados neste período de produção, ele calcula que metade do rebanho já seja meio-sangue.
As vantagens da caprinocultura, segundo o produtor, superam as da bovinocultura. "Enquanto a arroba do boi está em R$ 50,00, a dos caprinos já atinge R$ 120,00", afirma. Gonçalves cita ainda a maior capacidade de lotação do pasto (unidade animal). "Em um hectare de pasto cabem de 100 a 150 cabritos para 10 bois".
A condução do rebanho, segundo Gonçalves, também é simples. Os animais são criados a pasto. Em períodos de pastagem fraca, como no inverno, ou para animais em reprodução e amamentação há um reforço com silagem de milho e ração uma vez ao dia. "O reforço na alimentação é dado no final da tarde, quando os caprinos são recolhidos nos currais. A média de ração, por exemplo, é de 1% do peso do animal", informa.
Na propriedade, antes voltada para a criação de bois, os 70 hectares de pastagens foram divididos em 23 piquetes. Todas as manhãs os funcionários cuidam da transferência dos caprinos dos currais para os piquetes da vez.
"O principal inimigo da atividade é a verminose", completa o criador. Para isso, a fazenda possui um laboratório próprio, que cuida mensalmente da realização de exames de fezes, no sistema OPG (ovos por grama). "São colhidas amostras de fezes e os vermífugos são aplicados no rebanho quando são encontrados mais de 400 ovos por amostra", explica. Gonçalves lembra que é possível avaliar a infestação também a "olho nu": "os animais ficam fracos e abatidos", observa.
Gonçalves destaca ainda o controle que mantém sobre a produção. Os animais são identificados por brincos. "Registramos todos os procedimentos, desde o nascimento até o envio para o abate". No controle, ele instalou ainda um sistema fechado de TV. "Acompanhamos o manejo, podemos identificar falhas e implantar melhorias, além de garantir a segurança da propriedade", justifica.
Entre as melhorias, o produtor cita a instalação de um barracão suspenso. No local, a ala de alojamento dos animais fica cerca de 2 metros distante do chão. O piso é feito com ripas de madeira, como um deck. "Exige um volume maior de cama, mas facilita o manejo, diminuindo o contato dos animais com as fezes e urina, além de permitir um melhor aproveitamento desses dejetos em subprodutos, como a compostagem ou húmus".