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Crise aumenta demissões

De acordo com levantamento do Sindifrigo, as indústrias de MT trabalham atualmente com apenas 60% da sua capacidade


A crise na indústria frigorífica de Mato Grosso atingiu seu ápice nos últimos dias. Nada menos do que 5,7 mil rescisões trabalhistas já foram homologadas no setor e o volume de abates caiu 39%. Tudo por conta da falta de matéria-prima (boi gordo) para movimentar as indústrias, problema que vem se arrastando desde o início do segundo semestre.

“Não há boi para atender a indústria e os preços estão elevados. Está ruim para comprar e para vender”, aponta o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado (Sindifrigo), Luís Antônio Freitas Martins.

Só no segundo semestre deste ano, cinco frigoríficos – Margem (Barra do Garças), Arantes Alimentos (Nova Monte Verde) e três plantas da rede Quatro Marcos – já fecharam as portas. Somadas ao enxugamento que as empresas foram obrigadas a fazer para enfrentar a crise, o número de demissões chega a 5,7 mil em todo o Estado.

“Sem boi para abate não temos como trabalhar e qualquer empresa é obrigada a fechar suas portas”, esclarece Martins, temendo que a situação possa se agravar ainda mais nas próximas semanas.

Segundo ele, o setor passa atualmente por uma situação muito difícil com a falta de matéria-prima para suprir a indústria. “O momento é muito delicado e exige bastante cautela por parte da indústria. Esta é a pior crise que estamos enfrentando nos últimos anos, pois agrega falta de matéria-prima, preços elevados para compra e baixos preços para venda, sem contar o desinteresse dos importadores em função de toda esta situação desfavorável de mercado”, frisou Martins.

De acordo com levantamento do Sindifrigo, as indústrias de Mato Grosso trabalham atualmente com apenas 60% da sua capacidade - ou ociosidade de 40% - operando com uma escala curtíssima, no máximo dois dias. “Os frigoríficos que matavam mil cabeças, estão abatendo apenas 600 animais e alguns chegam a ficar parados por até alguns dias. Isso não é bom para ninguém. Quem perde é toda a cadeia da pecuária”, observa Martins.

Outro dado levantado pelo sindicato mostra que no mês de setembro o volume de abates caiu 39% em relação a igual mês de 2007, representando uma redução de 180 mil cabeças no mercado consumidor.

Ele afirmou que, além da falta de boi gordo no mercado, os preços estão elevados e as contas não fecham.

Segundo o presidente do Sindifrigo, as exportações estão caindo em função dos preços do produto para o mercado internacional. “Muitas vezes o segmento trabalha com resultado negativo. Todos acabam perdendo”.

Preços

De acordo com a Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), a cotação se mantém estável há algumas semanas. Ontem, em Cuiabá, o preço vigente era de R$ 83/arroba.

Na avaliação do Sindifrigo, esta cotação está fora da realidade. “Os preços estão muito altos, enquanto a carne está em baixa. Os contratos são curtos e, cada vez mais, as exportações são menores em volume físico. Os importadores não estão querendo pagar o preço que os frigoríficos precisam para continuar trabalhando”, afirmou Martins.

O superintende da Acrimat, Luciano Vacari, disse que não há falta de matéria-prima para as indústrias, mas confirmou que o volume de abates no Estoado caiu.

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