Desafios e pressões no mercado de trigo
O cenário, porém, ganhou incerteza
O cenário, porém, ganhou incerteza - Foto: Seane Lennon
O mercado de trigo inicia um período marcado por ajustes após o avanço da colheita nacional, segundo o Itaú BBA. Mesmo com a redução da área plantada, a produtividade manteve desempenho favorável e a produção deve ficar levemente abaixo do ciclo anterior, de acordo com estimativas oficiais.
O cenário, porém, ganhou incerteza com a ocorrência de chuvas intensas, granizo e temporais no Sul do país entre o fim de outubro e o início de novembro, o que pode resultar em revisões negativas. Os efeitos mais relevantes tendem a recair sobre a qualidade, diante de relatos de presença elevada de micotoxina DON, condição que pode direcionar parte do volume para ração e gerar perdas aos produtores.
No ambiente internacional, o movimento de baixa nas cotações também encontra suporte no aumento da oferta global. O USDA revisou para cima sua projeção e estima produção recorde de 829 milhões de toneladas em 2025/26, ante 800 milhões na temporada anterior. Após quatro ciclos de queda, os estoques finais devem crescer para 271,4 milhões de toneladas, reforçando um quadro mais folgado entre oferta e demanda. O avanço é observado entre os principais exportadores, com destaque para União Europeia, Rússia, Canadá, Austrália e Argentina. Esta última, principal origem das importações brasileiras, deve colher 24 milhões de toneladas, mesmo com pontos de umidade excessiva em algumas regiões.
Além da maior disponibilidade externa, a valorização do real frente ao dólar amplia a atratividade das importações e reduz a competitividade das vendas brasileiras ao exterior. Para os próximos meses, o câmbio e o clima na Argentina serão determinantes para o comportamento dos preços e para a estratégia de originação no mercado doméstico.