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Descoberta ajuda na fixação de nitrogênio no feijão

Proteínas da folha podem ajudar na Fixação Biológica de Nitrogênio e diminuir custos


Foto: Ederson C. Jesus

Pesquisadores da Embrapa Agrobiologia (RJ) descobriram que proteínas do gênero Phaseolus vulgaris encontradas no feijoeiro-comum podem ser usadas como indicadoras de ocorrência de fixação biológica de nitrogênio no feijão. Isso porque as proteínas são favorecidas quando ocorre o processo de inoculação com bactérias fixadoras de nitrogênio. 

Esse processo é tido como muito importante para a cultura porque pode permitir metodologia mais fácil, rápida e barata para programas de melhoramento de feijão. A redução de custos é fundamental, uma vez que o feijão é, em sua maioria, cultivado por agricultores familiares. A técnica já é usada em 85% das lavouras nacionais de soja, cerca de 33 milhões de hectares, gerando uma economia anual de mais de US$ 8 bilhões por dispensar a aplicação de fertilizantes nitrogenados. 

A Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) nas lavouras de feijão ainda é bem inferior, em torno de 15% e é capaz de aumentar a produtividade e reduzir o custo de produção. As proteínas extraídas das folhas do feijoeiro foram analisadas por técnicas avançadas e algumas delas podem estar relacionadas a respostas do feijoeiro à infecção por microrganismos. “Comparamos plantas inoculadas com rizóbio (uma bactéria) a outras nutridas com nitrogênio mineral, e separamos aquelas proteínas cuja expressão era diferente entre essas plantas. Estudar a folha parece não ser muito intuitivo, já que é nas raízes que a bactéria se aloja. Porém, a folha é muito mais acessível”, conta o pesquisador da Embrapa Ederson da Conceição Jesus.

Foram identificadas 338 proteínas e quatro foram selecionadas como possíveis candidatas. Justamente por possibilitar a detecção da FBN, esse conjunto de proteínas pode ser usado, por exemplo, na busca de cultivares de feijão mais responsivas ao processo.

A FBN pode suprir parte do nitrogênio aplicado na lavoura mas apesar de a técnica ter o potencial de suprir aproximadamente 70% do nitrogênio requerido pela planta, isso nem sempre ocorre no campo, sendo necessário o aporte de fertilizante nitrogenado, o que encarece a produção e aumenta a emissão de gases de efeito estufa. No caso dos agricultores familiares, muitos dos quais não usam fertilizante, a consequência muitas vezes é a baixa produtividade. A pesquisa busca aumentar esses percentuais para maximizar os resultados. O estudo ainda está no começo e conta com a parceria da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF).

O Brasil é o maior produtor mundial de feijão, com média de 3,1 milhões de toneladas por ano. Produto típico da alimentação de brasileiros, cujo consumo anual per capita chega a 17 quilos, o grão é cultivado nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. 
 

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