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Destruição de restos culturais do algodoeiro reduz a população de insetos em 70%

Terminada a colheita do algodão, é tempo de destruir os restos da cultura como medida profilática para reduzir a população de pragas, especialmente o bicudo, a lagarta rosada e a broca-da-raiz


Terminada a colheita do algodão, é tempo de destruir os restos da cultura como medida profilática para reduzir a população de pragas, especialmente o bicudo, a lagarta rosada e a broca-da-raiz. Essas pragas permanecem alojadas nos restos culturais ou se desenvolvem nas plantas rebrotadas, o que pode comprometer a produção do algodão no Brasil no próximo cultivo. Estudos constataram que a destruição de restos culturais reduz em mais de 70% a população de insetos que sobreviveriam no período de entressafra e, conseqüentemente, infestariam a cultura precocemente, na safra seguinte. A prática também controla doenças como a ramulose, mancha angular e doença azul, que ocorrem na cultura do algodão.

Na maioria dos estados produtores de algodão, existem leis que regulamentam a obrigatoriedade desta prática. Após a destruição dos restos culturais inicia-se o vazio sanitário, período de, no mínimo, 60 dias em que é proibida a presença de plantas vivas nas áreas agricultáveis. O produtor que não destruir os restos culturais do algodoeiro após a colheita poderá sofrer penalidades como multa e isenção de incentivos fiscais durante a comercialização da fibra.

A destruição mecânica é a forma mais tradicional de eliminar os restos culturais, também chamados de soqueiras. “Uma das práticas mais usadas pelo produtor para destruição das soqueiras é a que utiliza uma roçadeira ou o triturador dos restos culturais com o objetivo de cortar e estraçalhar a parte área das plantas e facilitar a incorporação dos restos culturais ao solo na operação seguinte, que utiliza a grade aradora para incorporar ao solo toda a vegetação existente na superfície”, afirma o pesquisador da Embrapa Algodão e especialista em mecanização agrícola, Odilon Reny Ribeiro.

No entanto, dependendo do tipo de solo, podem ser necessárias até três passadas da grade aradora e outra com a niveladora para a completa destruição das soqueiras. “Esta operação pode provocar a formação de uma camada compactada logo abaixo da região de ação dos discos, além de deixar a superfície desprovida de vegetação e suscetível a erosão”, alerta Ribeiro.

Destruição mecânica

Conforme o pesquisador, fabricantes nacionais desenvolveram equipamentos com a finalidade específica de fazer a destruição dos restos culturais do algodão. Entre os principais estão arrancadores de discos e o cortadores de plantas que são fabricados por diversos fornecedores de máquinas.

O arrancador de discos é acoplado no hidráulico do trator e seus discos lisos côncavos atuam aos pares, desalinhados sobre a fileira do algodão, na profundidade de 8 a 15 cm. Apresenta alta eficiência de arranquio das plantas previamente roçadas e seu efeito sobre a superfície do solo consiste na formação de pequenos sulcos. A regulagem da profundidade é feita pelo hidráulico do trator.

Os cortadores de plantas possuem dois discos para cada fileira de algodão, que atuam aos pares cortando as plantas um pouco abaixo do solo (3 a 5 cm). Alguns modelos dispõem de rotação própria nos discos por meio de motores hidráulicos. Em outros modelos o disco se movimenta devido ao seu contato com o solo a semelhança de uma grade de discos. Os discos apresentam certa angulação em relação ao plano horizontal para favorecer a sua penetração no solo e manter sempre a mesma profundidade de trabalho. As plantas são cortadas na região do colo, de forma a evitar a rebrota. “Além de apresentar excelente eficiência na destruição da soqueira, o equipamento mobiliza pouco o terreno adequando-se, aos métodos conservacionistas de manejo do solo”, avalia o pesquisador.

Destruição química

Outra alternativa que o produtor tem é a destruição química com o uso de herbicidas para o controle da rebrota dos restos culturais do algodoeiro. “Entre os herbicidas disponíveis, o 2,4 D e o glifosato aplicados isoladamente e principalmente em mistura são os mais eficientes para o controle da rebrota em cultivares convencionais”, informa Ribeiro. “Em cultivares resistentes ao herbicida glifosato (RR e RRFlex) o uso do glifosato não é efetivo”, acrescenta.

Segundo ele, para ser eficiente, a destruição dos restos culturais do algodoeiro deve integrar os métodos mecânico, químico (herbicidas) e ainda a rotação com culturas, que proporcionem supressão do rebrote tendo em vista que os herbicidas usados nesta cultura proporcionam controle do algodoeiro.

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