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É possível plantadeira totalmente autônoma no Brasil?

Com as janelas de plantio cada vez mais curtas o sonho seria trabalhar dia e noite


Foto: Arquivo

A época de plantio é sempre uma maratona. O produtor precisa dar conta de ter a semente ideal, calibrar e revisar bem a máquina, contar com o clima, ter operador qualificado e adotar as técnicas de plantabilidade para ter sucesso na implantação da lavoura. Com as janelas de plantio cada vez mais curtas o sonho seria trabalhar dia e noite, sem depender de mão-de-obra disposta a isso e ainda ter precisão na operação. 

E se tivéssemos uma plantadeira autônoma? Talvez seja uma realidade que ainda vai demorar umas duas décadas como aponta o engenheiro agrônomo e fundador da J.Assy, José Roberto Assy. A empresa goiana trabalha justamente com tecnologias para o plantio presentes nas principais fabricantes de máquinas no Brasil, Argentina, América do Norte, Europa e África.

Assy nos ajuda a entender em que pé anda esse tipo de tecnologia pelo mundo. Diversas empresas focam esforços em pesquisa no desenvolvimento de produtos que adicionem alguma autonomia ao plantio. “Pode ser um dosador de sementes que não necessita de regulagem, um acionamento elétrico que obedece à um mapa de plantio ou um simples sensor de adubo de alta responsividade, tudo ajuda”, destaca.

A americana Precision Planting, investe num seed firmer mais inteligente, capaz de ler umidade e matéria orgânica do solo, e fazer os ajustes necessários. Eles são o braço tecnológico da AGCO. A alemã Horsch, fabricante de máquinas agrícolas, trabalha num software para monitorar pisoteio de máquinas autônomas. A norte-americana Dawn Equipement, dedica a maior parte de seu tempo na busca da automação, e já disponibiliza um controle de profundidade automático remoto para plantadeiras. “Aqui no Brasil a J. Assy investe em um dosador de adubo inteligente e auto limpante, também no monitoramento e controle wireless das rodinhas fechadoras do sulco de plantio e ainda em um sistema de alta velocidade para os trópicos, entre outros projetos ainda confidenciais”, confessa.

O executivo acredita que a tendência é automatizar os modelos atuais de plantadeiras, cada vez maiores, bem como reduzir a mão-de-obra envolvida nessa operação, facilitar e otimizar o trabalho no dia a dia da fazenda, e aumentar a precisão das regulagens. Outra vantagem é diminuir a compactação do solo: pode-se programar o trafego agrícola e os tratores autônomos são mais leves, pois não precisam carregar acessórios que geram conforto ao operador, o que ajuda também.

Ele acredita, no entanto, que essa automação não vai acontecer da noite para o dia. Automação envolve softwares, mas fundamentalmente também estruturas físicas que devem ser testadas a exaustão até estarem aptas para ir a mercado. “Não é um processo rápido, experiência própria! Cada novidade pode ser um passo a mais na automação, facilitando mais e mais a operação até que um operador possa, finalmente, administrar mais de uma plantadeira, muitos apostam nessa realidade em menos de 10 anos”, define.
 

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