Edição genética reforça defesa natural de plantas
Um artigo publicado na Biotechnology Journal revisa avanços obtidos
Um artigo publicado na Biotechnology Journal revisa avanços obtidos nas últimas duas décadas - Foto: Pixabay
A recuperação de mecanismos naturais de defesa em plantas por meio da edição genética vem ganhando espaço como alternativa para reduzir perdas causadas por pragas agrícolas. A técnica possibilita resgatar proteínas inibidoras da alfa-amilase, características de variedades silvestres e capazes de tornar o amido praticamente indigerível para insetos que atacam sementes e grãos, sem alterar a digestibilidade para humanos e animais. A estratégia busca reforçar a proteção de cultivos amplamente consumidos, como milho e leguminosas, especialmente vulneráveis a besouros e outras espécies que degradam o amido.
Um artigo publicado na Biotechnology Journal revisa avanços obtidos nas últimas duas décadas e destaca o potencial da edição genética para ampliar a produção desses inibidores. O trabalho, conduzido por pesquisadores da Embrapa e do Centro de Pesquisa em Genômica para o Cambio Climático, reúne resultados sobre a prospecção de genes envolvidos na síntese dos inibidores, a avaliação da ação dessas moléculas em insetos alvo e não alvo e o desenvolvimento de plantas transgênicas capazes de superexpressá-las. Também menciona progressos na proteção de propriedade intelectual associados a essas descobertas.
Apesar dos resultados, o uso de transgênese clássica enfrenta entraves econômicos e regulatórios, além de uma aceitação limitada no mercado. A edição genética surge como alternativa ao permitir modificar genes da própria planta, o que pode levar à criação de variedades que não se enquadram como transgênicas segundo critérios da CTNBio. Isso reduz custos e amplia o interesse da agroindústria. Os autores ressaltam que ferramentas como CRISPR permitem ajustes precisos para reforçar a defesa contra insetos sem comprometer a segurança alimentar.