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Em Rio Pardo, prejuízo com a seca é maior do que o orçamento

Prefeito Rafael Reis Barros assinou decreto de situação de emergência nessa sexta-feira por causa da escassez de chuva


Foto: Marcel Oliveira

O município de Rio Pardo acumula prejuízo de R$ 187,34 milhões em consequência do longo período de estiagem. O valor é quase 50% superior ao orçamento da Prefeitura deste ano, estimado em R$ 128 milhões. O prefeito Rafael Reis Barros assinou na manhã dessa sexta-feira o decreto que declara situação de emergência por causa da escassez de chuvas desde novembro.

A cultura mais afetada é o milho, com 70% de quebra na produção. O chefe do escritório da Emater, Matias Streck, explica que em dezembro choveu apenas 25 milímetros no município, enquanto a média para o mês é de 170 milímetros. Além do milho, tanto para silagem como grão, há perdas de 50% na produção de legumes, 50% nas melancias, 40% na soja e 35% na pecuária. “O número na soja deve aumentar, pois está no início do ciclo. Agora, até fim do mês, tem a plantação da safrinha do milho, mas acredito que o plantio será pequeno”, disse.

O prefeito Rafael Barros explica que, com o decreto, a partir de agora o Estado decide pela homologação ou não. Caso seja aceito, a ideia é obter o aumento no prazo para custeio. “Vai demorar anos para que os agricultores se recuperem. Vamos pedir prazos ao Estado, pata Brasília, a fim de que os bancos ofereçam carência para os agricultores poderem respirar. Não é só pelo custeio, mas há despesas de arrendamento, óleo, manutenção de maquinário”, explica.

A Defesa Civil do município e o Corpo de Bombeiros realizam a entrega de água em diversas localidades. “Em alguns locais, os poços secaram. Então, para quem procurar auxílio da Prefeitura, estaremos encaminhando o caminhão para abastecimento”, frisa o prefeito. Ele destaca que o fenômeno climático causa perdas financeiras desastrosas ao município, pois a base da economia é a produção primária. 

A falta de chuva também causa problemas para as pastagens, que são fontes de alimento para os animais usados na produção de leite e na alimentação daqueles destinados ao consumo. Com os problemas para a alimentação dos animais, houve queda na qualidade, causando enormes prejuízos econômicos aos produtores e ao município.

Gramado Xavier também adotou medida

Outro município onde houve a assinatura do decreto de situação de emergência nessa sexta-feira, no Vale do Rio Pardo, é Gramado Xavier. Os prejuízos na agricultura totalizam R$ 15.883.340,00. O coordenador do Conselho Municipal da Defesa Civil, Edson Jair Müller, informou que a perda na soja atinge 25% da produção estimada; no tabaco; 35%; nas hortaliças, 60%; no milho, 60%; e no feijão, 50%. Mais de 50 famílias na zona rural sofrem com desabastecimento de água. A Prefeitura está transportando água potável e fazendo serviços na abertura de aguadas. 

Além de Rio Pardo e Gramado Xavier, na região já foi assinado decreto de situação de emergência em Boqueirão do Leão, Encruzilhada do Sul, Mato Leitão, Pantano Grande, Passo do Sobrado, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Sobradinho, Vale do Sol, Vale Verde, Vera Cruz e Venâncio Aires. O prefeito de Candelária, Paulo Butzge, deve assinar o documento na segunda-feira.

Vale do Sol alerta para consumo consciente

A constante falta de água das últimas semanas levou a Prefeitura de Vale do Sol a intensificar as atividades para amenizar a situação. Entretanto, agora o problema se agravou para quem não possui ligação com a rede pública ou precisa fazer aguadas para os animais. Antecipando um possível cenário de estiagem mais severa, o prefeito Maiquel Silva orienta que a população se conscientize e busque economizar água, por meio de ações simples que podem fazer uma grande diferença. “Temos que ser conscientes, pensar nos outros e evitar o desperdício. É com atitudes simples que podemos prevenir que a situação piore”, disse.

Nos últimos 15 dias houve o transporte de mais de 1,9 milhão de litros de água para reservatórios grandes, cacimbas e caixas-d’agua em propriedades. Esse deslocamento ocorreu com três caminhões-pipa, entre 6 horas da manhã e 2 horas da madrugada, todos os dias, de 27 de dezembro a 6 de janeiro, sempre em três turnos de trabalho. Esse serviço continuará, porém com dois caminhões, das 6 horas até as 18 horas.

Além disso, nesse período foram consertados mais de 60 vazamentos em várias localidades. Também houve a execução de vistorias e lacrados mais de 500 hidrômetros nas localidades de Rio Pardense, Linha Emília, Pinhal Trombudo, Campos do Vale, Faxinal de Dentro e Linha Miquita. Essas localidades tiveram o maior consumo de água e, dentre os hidrômetros vistoriados, 12 estavam adulterados, ocorrendo o furto de água, uma vez que foram feitos apontamentos dessas ligações e será formalizado um boletim de ocorrência na Polícia Civil, para os trâmites criminais. Esse mesmo serviço de vistoria continuará nas demais localidades.

O prefeito relata que para este ano, além da duplicação da rede em Rio Pardense, que já está em fase de execução e levará água para o Faxinal de Dentro e arredores, ainda está projetada a instalação de mais reservatórios para que se tenha maior reserva. “Também será captada mais uma fonte de água em Alto Rio Pardense, para aumentar a produção, o que equivale a 180 mil litros de água a mais por dia para o abastecimento”, afirma. Além disso, estão sendo estudadas a execução de novas redes de água e a continuação das já existentes em outras localidades do município que ainda não possuem abastecimento da rede pública.


Caminhões-pipa transportaram mais de 1,9 milhão de litros de água nos últimos 15 dias
Obra não concluída 
Outra prioridade na área de abastecimento será a localidade de Linha 24 de fevereiro, que se encontra com sérios problemas de falta de água, pois a rede existente está sob domínio da empresa Eco Diehl, de Estrela, que ainda não entregou a obra à Prefeitura, estando em garantia. Possivelmente o Município vai se responsabilizar pelo trecho deficitário e realizar a manutenção.

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