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Embrapa apresenta cenários de mudanças climáticas em audiência

Nos cenários mais pessimistas, há a probabilidade de a temperatura aumentar, em média, de 2 a 5,4 graus centígrados nas próximas três décadas


O pesquisador da Embrapa Cerrados (Brasília, DF), Fernando Antônio Macena da Silva, foi um dos técnicos convidados para apresentar resultados de estudos sobre alterações no clima do Brasil e do mundo em audiência pública da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC) do Congresso Nacional, realizada na Assembleia Legislativa de Sergipe, na segunda-feira (28).

A CMMC é presidida pelo senador Sérgio Souza (PMDB-PR) e tem como relator o deputado Márcio Macedo (PT-SE), que estiveram presentes na audiência. A sessão teve na plenária deputados estaduais, prefeitos, secretários de Estado e representantes de movimentos organizados em defesa do meio ambiente. Nas galerias, estavam estudantes e professores de ciências ambientais de universidades sergipanas, ambientalistas e membros da sociedade em geral.

Acompanhado pelo chefe-geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), Edson Diogo Tavares, Fernando Antônio discorreu brevemente sobre os principais estudos desenvolvidos pela Embrapa que dão suporte a políticas públicas de preservação do meio ambiente e promoção da sustentabilidade.

O pesquisador traçou cenários não muito animadores para o clima global nas próximas décadas do século 21, e confirmou que praticamente todos os estudos evidenciam o aumento da temperatura na terra. Ele mostrou análises de cenários diante das consequências do aquecimento global provocado pelos gases do efeito estufa no planeta e seus efeitos sobre a agricultura brasileira e nas regiões tropicais do mundo.

Previsões

Segundo as previsões dos modelos apresentados por Macena, nos cenários mais pessimistas, há a probabilidade de a temperatura aumentar, em média, de 2 a 5,4 graus centígrados nas próximas três décadas.

Como consequências mais críticas para a Região Nordeste, que foi foco da audiência no parlamento sergipano, o pesquisador mostrou que o rio São Francisco poderá ter sua vazão reduzida em até 23% até 2030, e se intensificará o processo de desertificação do Semiárido Nordestino, comprometendo o bioma da Caatinga, a qualidade dos solos e as atividades agropecuárias na região.

O aquecimento global traz, segundo Fernando Antônio, graves consequências para a agricultura, pois o aumento das temperaturas pode reduzir a produtividade e inviabilizar diversas culturas, a exemplo do café e do algodão, que têm uma variação térmica limitada para atingir sua floração máxima, além do milho e do feijão, que não resistirão às altas temperaturas nordestinas.

“Estamos vendo aqui cenários de problemas graves, caso nada seja feito. Para que estas consequências não se torem realidade no futuro próximo, é necessário, desde já, que medidas concretas de mitigação dos efeitos e adaptação de culturas sejam aplicadas”, defende.

Pesquisas

Entre as principais ações da pesquisa agropecuária liderada pela Embrapa, Macena destacou os zoneamentos de risco climático para a agricultura, o desenvolvimento de variedades de grãos e culturas adaptadas às regiões tropicais, mais resistentes às condições de clima mais quente e menos chuvas, e os sistemas de produção com base na integração entre lavoura, pecuária e floresta, além do plantio direto na palha da colheita anterior, que não revolve o solo e retém o carbono na terra – prática fundamental para o programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do Ministério da Agricultura.

Para o relator da comissão, o deputado Márcio Macedo, as ações da Embrapa são fundamentais para a sustentabilidade da agricultura e o posicionamento do Brasil como protagonista mundial na produção de alimentos e agroenergia. “As pesquisas da Embrapa são de extrema importância para garantir que a prática agrícola tenha o menor impacto possível no meio ambiente e para colocar o país na condição de potência mundial nos próximos anos”, acredita.

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