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Embrapa lança na Bahia variedade de acerola


A Embrapa Mandioca e Fruticultura, com sede no município de Cruz das Almas (BA), acaba de lançar a primeira variedade de acerola de mesa do Brasil. Resultado de oito anos de pesquisas, a Cabocla é duas vezes maior do que a acerola comum, além de ser menos ácida, ter textura firme e muito mais polpa, conservando o alto teor de vitamina C próprio dessa fruta: em cada 100 gramas de polpa, há 1 grama de vitamina C, muito mais que frutas como a laranja e a goiaba, que também são ricas neste tipo de vitamina.

Suco e polpa

Apesar de poder ser consumida "in natura", a Cabocla é bastante indicada para processamento de suco e polpa, como acontece com as demais variedades existentes no Brasil. A importância do novo cultivar está na produtividade da planta, e na qualidade e uniformidade do fruto, características imprescindíveis para o desenvolvimento de cultivos comerciais.

Originária da América Central - é também conhecida como "cereja das Antilhas" - a acerola vem sendo cultivada no Brasil há 50 anos. Os plantios, estimados em 11 mil hectares, espalham-se pelos estados nordestinos, no Pará e em São Paulo. Como a planta foi sempre reproduzida por meio de sementes, criou-se uma grande variabilidade, com frutos amarelos, vermelhos, diversos graus de acidez, formatos diferentes e arbustos que produzem a fruta isolada ou em cachos.

Esta é a primeira vez que uma variedade é selecionada. O trabalho começou em 1994, mediante a formação de um banco de germoplasma (genes vegetais), com 150 variedades. A coleção foi observada e avaliada, até que os especialistas destacaram a que preenchia requisitos exigidos. "Em vez de sementes, estamos propagando o cultivar por enxertia, podendo a reprodução ser feita ainda por enraizamento de estacas. Isso mantém as plantas com as mesmas características da original", diz Rogério Ritzinger, pesquisador que desenvolveu a variedade.

A Cabocla alcança uma produtividade de 40 quilos por planta/ano. Se o plantio for irrigado, este rendimento passa a ser o dobro, segundo Ritzinger. É mais indicada para condições de tabuleiros costeiros, com espaçamento de 5 x 4 metros. No caso de cultivos não irrigados, o plantio deve ser feito no início do período de chuvas. A Embrapa Mandioca e Fruticultura está produzindo mudas matrizes para reprodução. No lançamento foram apenas 400, número que deverá chegar a 2 mil já neste ano de 2003.

Não são conhecidas estatísticas de produção de acerola, mas a avaliação é de que o Brasil seja um dos maiores produtores do mundo. Na região Nordeste, o agronegócio da acerola movimenta entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões por ano, com uma produção anual de polpa de cerca de 10 mil toneladas. O cálculo é de Luiz Joaquim de Carvalho, diretor da Utiara S.A., processadora de frutas instalada na Bahia, no município de São Gonçalo dos Campos. Carvalho diz que a demanda internacional pela polpa da fruta vem aumentando nos últimos anos e o maior apelo para isso é o alto teor de vitamina C. A fruta foi sempre destinada ao processamento, seja industrial ou doméstico, já que não existia uma variedade de mesa.

Exportações aos EUA

A Utiara exporta polpa de acerola para os Estados Unidos, ao Caribe e à Europa. Por "questões estratégicas", Carvalho evita mencionar os volumes exportados e a produção total da fruta. Carvalho diz apenas que a demanda é bastante grande em relação à produção da fruta. "Somente a meia dúzia de processadoras em funcionamento numa área de 400 quilômetros na Bahia poderia absorver de 12 mil a 15 mil toneladas por ano", informa o executivo.

No exterior, a polpa de acerola nunca é usada individualmente. É sempre misturada a sucos de outras frutas, como mamão e manga, para enriquecê-los com vitamina C.

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