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Empresa de alimentos aposta no mercado de não-transgênicos

Ministério da Agricultura está autuando os produtores gaúchos de soja


A desconfiança da população quanto à presença de transgênicos nos alimentos destinados ao consumo humano e a perspectiva de rejeição do consumidor são fatores cada vez mais levados em conta na hora de colocar produtos nesse mercado. A empresa paranaense Jasmine, uma das maiores no mercado nacional de produtos naturais e orgânicos, acaba de lançar sua primeira marca que traz no rótulo a informação explícita de que se trata de um produto "não-transgênico".

O diretor da companhia, Christopher Allain, confirma que a medida é preventiva: "Existe uma reserva em relação aos transgênicos". Embora a legislação brasileira obrigue os fabricantes a informar em seus produtos a presença acima de 1% de transgênicos, essa é uma exigência recente, segundo Allain, e muitas empresas deixam a desejar. Os testes de certificação ainda custam caro.

Polêmica

Allain considera que a polêmica em torno da transgenia "está longe de acabar". De qualquer forma, diz ele, é um fato consumado. A liberação dos transgênicos é política e delicada porque traz riscos de contaminação, em várias fases do processo produtivo, para os produtos não-transgênicos: essas possibilidades vão desde a fase de polinização e secagem até a mistura nas máquinas e locais de transporte e estocagem.

Rejeição

Segundo técnicos do governo paranaense, a rejeição à soja transgênica, para consumo humano, é uma tendência em vários países, inclusive nos Estados Unidos. Multinacionais como o Carrefour, o Asda e Mark & Spencer, a Nestlé e a Unilever preferem comercializar alimentos sem transgênicos. China e Japão comungam com esta tendência.

As pesquisas sobre os efeitos de produtos geneticamente modificados na saúde ainda são inconclusivos. "Quando há ameaças deste tipo é melhor não arriscar", afirma uma fonte do governo do Estado, apelando ao princípio da precaução. Diante disso, a Jasmine decidiu, pela primeira vez, trazer a inscrição: "soja não-transgênica" no Soylait, alimento à base de soja, recomendado para quem tem restrição ao consumo de leite.

A Jasmine Alimentos, certificada pelo Instituto Biodinâmico (IBD), existe desde 1990, em Curitiba, gera 130 empregos diretos e dispõe de mais de 60 produtos. A empresa é especializada em alimentos naturais, integrais e orgânicos. A empresa representou o Brasil na BioFach - Feira Internacional de Produtos Orgânicos -, recentemente, na Alemanha.

O mercado de orgânicos é um dos segmentos em crescimento. Movimenta US$ 30 bilhões no mundo. A participação brasileira ainda é pequena neste mercado, mas em crescimento. Este ano pode chegar a US$ 100 milhões, com um aumento de 50%.

Produtores gaúchos são autuados

Quem plantou soja transgênica e não apresentou o Termo de Ajustamento de Conduta (TCRAC) pode ser penalizado pelo Ministério da Agricultura. Esta é a interpretação de Francisco Signor, superintendente federal da Agricultura no Rio Grande do Sul. Ele afirmou que "não há na Lei de Biossegurança dispositivo prevendo a supressão da obrigatoriedade de os produtores de soja que opte pelo plantio de variedade transgênica apresentar o Termo de Ajustamento de Conduta (Tcrac)".

Com base nesta interpretação, o Ministério da Agricultura está autuando os produtores gaúchos de soja que não assinaram o Tcrac, resultado de inspeções que estão sendo realizadas nos últimos dias. Até a semana passada cinco produtores foram autuados e quem plantou sem assinar o Termo está sujeito à multa de R$ 16.170,00.

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