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Endividamento e estiagem pressionam agro do Rio Grande do Sul, diz Farsul

Farsul avalia 2025 e projeta cenário crítico para 2026


Foto: Divulgação

A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) realizou, nesta terça-feira (11), uma coletiva de imprensa para avaliar o desempenho do setor agropecuário em 2025 e apresentar perspectivas para 2026. O encontro contou com a presença do presidente da entidade, Gedeão Pereira, que também assumirá como primeiro vice-presidente gaúcho da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), do presidente eleito para o próximo mandato, Domingos Velho Lopes, e do economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.

O encontro foi conduzido por Gedeão Pereira, que encerra seu mandato em 31 de dezembro. Ao abrir a coletiva, ele relembrou sua trajetória à frente da entidade e destacou o momento de transição institucional. “É a primeira vez em 29 anos que fazemos uma transmissão do cargo da Presidência na Federação da Agricultura”, afirmou. Gedeão assumiu a presidência após o falecimento de Carlos Rivaci Sperotto e, no último dia 9 de dezembro, tomou posse como 1º vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cargo inédito para um representante gaúcho.

Ao avaliar o contexto político e econômico, o presidente da Farsul ressaltou a importância de 2026 para o futuro do agronegócio. Segundo ele, o próximo ciclo eleitoral terá impacto direto sobre o setor no Rio Grande do Sul e no país. “Hoje nós vivemos em um Brasil absolutamente indefinido quanto ao seu futuro. Os bons economistas do Brasil estão apontando para uma crise em que nosso País está se afundando”, declarou.

Gedeão Pereira também chamou atenção para os efeitos da crise climática sobre a economia estadual. Conforme destacou, a recorrência de eventos extremos comprometeu a renda e o consumo no Rio Grande do Sul. “Nos últimos cinco anos, bilhões de reais deixaram de circular no bolso dos gaúchos. Nosso Estado é majoritariamente agrícola. Quando a agricultura falha, a riqueza deixa de circular entre todo nosso povo”, afirmou.

O presidente eleito da Farsul, Domingos Velho Lopes, que assume o comando da entidade no início de 2026, afirmou que dará continuidade ao trabalho técnico desenvolvido pelo Sistema Farsul e buscará ampliar o diálogo com a sociedade, especialmente nos centros urbanos. “Nossa meta é defender o produtor rural, ratificar o que fazemos tecnicamente, e valorizar essa aproximação com a população urbana. Nós precisamos mostrar que somos o maior exportador líquido de alimentos do mundo”, disse.

Durante a coletiva, o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, apresentou o balanço econômico do setor agropecuário em 2025 e detalhou a situação da agricultura gaúcha. Segundo ele, o estado enfrenta a quinta safra consecutiva com perdas. “Estamos na quinta safra consecutiva com perdas. Nós vamos ter uma perda de 6% na produção de grãos em comparação com a safra de 2024, que foi um ano muito ruim. O setor está em uma situação em que não conseguimos sair do fundo do poço”, declarou.

Ao analisar o desempenho econômico nacional, Antônio da Luz afirmou que o Brasil perdeu competitividade nas últimas duas décadas. De acordo com ele, o país deixou de acompanhar o crescimento de outras economias. “Aqui falamos de crescimento, de desenvolvimento econômico, de bem-estar social, de segurança, de saúde”, pontuou. O economista alertou para uma desaceleração mais intensa da economia em 2026 e defendeu mudanças no modelo de investimento. “Nós não vamos atingir estabilidade econômica com um fiscal desequilibrado e sem segurança jurídica”, afirmou.

Em relação ao Rio Grande do Sul, Da Luz destacou que o desempenho estadual é ainda mais desfavorável quando comparado ao restante do país. “O ranking da taxa de crescimento estadual coloca o RS na 26ª posição. De 2019 para cá, perdemos 11 pontos percentuais em relação ao País”, disse.

Segundo o economista-chefe da Farsul, os efeitos da estiagem vão além da atividade agropecuária e impactam toda a sociedade gaúcha. Ele apresentou dados que relacionam períodos de seca à redução do crescimento populacional. “O RS cresceu 1,8% entre 2010 e 2022. Santa Catarina cresceu 22%, Paraná cresceu 9,6%. Nós estamos perdendo jovens”, afirmou.

Ao tratar da situação financeira dos produtores, Antônio da Luz ressaltou que o endividamento tende a se manter mesmo diante de uma eventual recuperação da produção. “O endividamento vai continuar. Mesmo que a gente colha uma boa safra, esse problema vai permanecer”, declarou. Ele relacionou esse cenário ao desequilíbrio fiscal, à inflação e aos juros elevados. “Nosso Estado está ficando para trás. E isso traz consequências para toda a população, não só para o produtor”, concluiu.

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