Especialista vê risco de envelhecimento rural
“A sucessão deve ser compreendida como um processo contínuo"
“A sucessão deve ser compreendida como um processo contínuo" - Foto: Governo Federal
A sucessão no meio rural brasileiro tornou-se um dos principais desafios para a continuidade da produção diante do envelhecimento dos agricultores e da saída crescente de jovens do campo. Segundo informações reunidas por Maria Flávia Tavares, doutora em agronegócios, o Censo Agropecuário de 2017 do IBGE mostra que apenas 12,7% dos produtores têm menos de 35 anos, enquanto mais da metade supera os 55. O movimento segue uma tendência global, marcada por médias de idade elevadas e participação juvenil reduzida.
Estudos acessados no relatório The Pulse of Brazilian Farmers apontam um grupo de produtores mais preparados e conectados, muitos na segunda geração e com maior capacidade de inovação. Pesquisas da FAO e da Embrapa indicam que jovens qualificados adotam tecnologia mais rapidamente e impulsionam práticas sustentáveis, embora ainda representem parcela minoritária. Essa permanência depende de renda, conhecimento aplicado e perspectiva de futuro.
Experiências internacionais mostram que renovação exige planejamento e políticas estruturadas, com educação e inovação contínuas. A FAO destaca que a inclusão produtiva pode gerar impacto econômico relevante, mas alerta para desafios como desemprego, insegurança alimentar e efeitos climáticos sobre milhões de jovens rurais.
“A sucessão deve ser compreendida como um processo contínuo, estruturado e estratégico, que vai muito além da simples transferência de propriedade. Ela envolve preparar os jovens para liderar com competência técnica, visão empresarial e habilidade de adaptação diante das constantes transformações do setor. Para que o agronegócio brasileiro mantenha sua competitividade no cenário global, é fundamental investir de maneira consistente e sistemática em educação, tecnologia e no engajamento ativo da nova geração rural”, conclui.