Fora de cena por três anos, após vender a companhia mineira Café Três Corações para a israelense Strauss-Elite, o empresário Aprígio Tavares está de volta ao mercado torrefador. Tavares começará 2004 à frente de uma nova indústria em Belo Horizonte (MG), recém-adquirida em sociedade com o grupo Veloso Café do Cerrado, também mineiro.
Passado o período "sabático" previsto em contrato, Tavares está de volta para disputar o acirrado mercado de torrado e moído, inicialmente só em Minas. Em entrevista ao Valor, Tavares confirma seu mais novo desafio, feito a convite da família Veloso.
No período em que ficou fora, o empresário manteve-se como produtor e comercializador de café em grão. E, nesse ínterim, sua família enveredou em outro empreendimento no agronegócio: o comando da Suco Mais, encabeçado, desde 2001, por Ricardo Tavares, filho de Aprígio.
A volta de Tavares já era prevista pelo mercado e, sobretudo, pelos concorrentes. Com sua experiência adquirida à frente da Café Três Corações - a empresa foi vendida no fim de 2000 por cerca de US$ 40 milhões aos israelenses -, o empresário terá como desafio expandir seus negócios em um mercado disputado por mais de mil indústrias no país.
O novo empreendimento - uma fábrica construída na metade da década de 90 pelos antigos proprietários da Aymoré, fabricante mineira de biscoitos que foi adquirida pela Danone - deverá entrar em operação ainda no primeiro trimestre de 2004, informa Paulo Veloso Júnior, sócio de Tavares na fábrica. "A fábrica conta com equipamentos de última geração", afirma Veloso Júnior. O valor do negócio não foi divulgado. Mas, de acordo com informações obtidas no mercado pelo Valor, os investimentos necessários deverão totalizar, no mínimo, R$ 2 milhões.
A nova fábrica começa a operar com capacidade de produção de cerca de 500 toneladas mensais. "Vamos disputar o mercado de cafés especiais, com matéria-prima da região do cerrado mineiro, o que confere ao produto altíssima qualidade, além de uma linha de cappuccinos e café expresso", acrescenta Veloso.
Com fazendas de café na cidade mineira de Carmo do Paranaíba, região com excelente altitude, a família Veloso será uma das principais fornecedoras do grão. Tradicionais produtores, os Veloso estão na cafeicultura desde 1840, quando o bisavô de Paulo Veloso Júnior plantou os primeiros pés de café na região. Desde 1995, o grupo atua como trading, negociando o grão verde para redes americanas, como Starbucks, e Lavazza, além de negócios para o Japão e Europa.
Concentrado, o mercado mineiro possui hoje o maior número de torrefadoras no país, superando São Paulo. Também é o maior Estado produtor de café. A marca 3 Corações é a líder em Minas Gerais, seguida pela Café Bom Dia, de acordo com especialistas do setor. "Será uma disputa saudável. Considerando o know-how de Tavares, ele vai começar a incomodar logo", diz uma fonte.
Tavares segue o mesmo caminho trilhado pelo empresário Américo Sato, que voltou este ano ao mercado, depois de um período cinco anos, após vender a tradicional Café do Ponto para a americana Sara Lee. O desafio de Sato, que se associou aos empresários do Café Floresta, com os negócios concentrados em Santos (SP), será subir a serra e vender o produto na capital paulista e expandir o número de cafeterias da companhia.
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