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Excesso de chuva reduz qualidade do café da safra atual


Apesar de uma produção maior de café para a safra atual, está faltando grão de qualidade. Quase já não existe café da safra anterior e, o da atual, está com problemas devido ao excesso de chuva. A estimativa do mercado é de que a colheita está atrasada entre 30 e 40 dias e poderia haver uma quebra da produção de boa qualidade de até 35%.

Analistas dizem que a escassez não está afetando a exportação, pois o forte da venda ao exterior é no segundo semestre e está havendo ágio para a compra do grão de maior qualidade. "A tendência é o preço subir, pois estima-se uma quebra de safra de 30% a 35% de café finos", diz Francisco Arantes, analista da Termo Corretora. Segundo ele, quase 30% da produção nacional do grão - 12 milhões de sacas - é de cafés finos, cultivados no Sul de Minas Gerais, na Zona da Mata e da Mogiana.

"A sensação de que está faltando café se justifica", diz Gil Barabach, analista da Safras & Mercado. De acordo com levantamento da consultoria, 45% da produção nacional foi colhida até o momento, pois as chuvas de maio prejudicaram o grão. Segundo dados da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), apenas 3% da safra foi colhida no estado, que responde por 50% da produção brasileira, para uma média histórica do período de colheita de 15%.

Colheita atrasada

Na Cooperativa Regional de Agricultores de Guaxupé (Cooxupé), a colheita está atrasada em 30 dias, totalizando 12% do grão saído do pé. Para esta época do ano, o normal seria 30%.

"Nos primeiros cinco meses do ano choveu 20% a mais do que no ano passado, dificultando a maturação", diz Joaquim Goulart de Andrade, gerente de desenvolvimento técnico da Cooxupé. Segundo ele, com a umidade relativa do ar ainda alta nesta época do ano, o grão tem chegado à cooperativa com grande teor de umidade - até 18% para uma tolerância de 12% - ou até verde. "O início da safra foi prejudicial, mas pelo volume total, não acreditamos que poderá haver problema nas exportações", afirma.

Na região Sul de Minas Gerais, o diretor da Companhia Agropecuária Monte Alegre, José Francisco Pereira, acredita que houve redução de 60% na expectativa de produção de café de qualidade.

Naquela região produtora, apenas 8% do grão foi colhido até o momento. "Mas, quando avançar a colheita, pode melhorar a qualidade", afirma Pereira. O diretor acredita que poderá haver, no segundo semestre, também atraso nas exportações devido a maior demora na colheita do grão. "O preço também pode melhorar", conclui.

Rodrigo Pontes, assessor econômico da Faemg, diz que com a umidade, o grão fermenta e perde açúcar, alterando o gosto da bebida. "No Sul de Minas, a maior região produtora do estado, choveu em maio 36% a mais que no mesmo período do ano passado, cerca de 73 milímetros de chuva em relação a 53,7 milímetros de anos anteriores. Entretanto, o fator climático não influenciará na produção de café no Brasil, não há previsão de quebra de safra para este ano. Haverá perda de qualidade", diz Pontes. A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para este ano é uma safra de 38 milhões de sacas, já para o estado de Minas Gerais a previsão é colheita de 18 milhões sacas.

Custo de produção

Pontes alerta, no entanto, para o aumento do custo de produção na cafeicultura em decorrência das chuvas. "Quando o tempo melhorar, haverá muito café para ser colhido e isso demandará mais mão-de-obra", afirma. Segundo ele, os gastos com trabalhadores representam 40% do custo total de produção. Em Minas, de acordo com dados da Faemg, o custo estimado é de R$ 200 a saca de 60 quilos, sendo que o preço pago ao produtor gira em torno de R$ 220.

"Os preços, entretanto, não apresentam tendência de queda nesta safra, pois, há uma expectativa de déficit do produto no mercado internacional. No final do ano passado, a Organização Internacional do Café (OIC) divulgou uma pesquisa que sinalizava a falta de 10 milhões de sacas de café no mercado, e isso está segurando os preços", afirma Pontes. A tonelada do café está sendo cotada a US$ 1.187,00, aumento de 25% em relação ao ano passado, quando os preços internacionais giravam em torno do US$ 953.

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