Expansão dos biológicos acende alerta para capacidade

O mercado de insumos biológicos enfrenta um momento de ajuste entre expectativas e a velocidade real de adoção no campo, segundo Christian Pereira, estrategista do agronegocio. Em meio a esse cenário, informa ele, a Koppert Brasil prepara uma nova rodada de €100 milhões para ampliar a capacidade produtiva, com três fábricas previstas em Piracicaba, nova governança e entrada de investidor minoritário. A estrutura atual deve chegar ao limite em dois anos, enquanto as novas unidades demandam prazo semelhante para ficar prontas.

A expansão ocorre após uma sequência de captações iniciada em 2022, incluindo aportes relevantes e uso de FIDC para sustentar o giro. O novo volume representa parcela significativa do faturamento global, o que evidencia a pressão por capital em um modelo que exige recursos contínuos. O movimento se soma à consolidação do setor, marcada por aquisições bilionárias e projetos simultâneos de diversos players, reacendendo o risco de excesso de capacidade, fenômeno já visto em fertilizantes e sementes.

O momento impõe dúvidas sobre premissas de crescimento após fases de forte aceleração, recalibração e busca de normalidade. Também persiste a incerteza sobre a força dos canais, já que a maior parte das vendas passa por revendas e cooperativas, o que pode pressionar preços se a oferta crescer mais rápido que a capilaridade. Para especialistas, o diferencial competitivo será a execução: trabalhar com cenários prudentes, ajustar custos e garantir disciplina comercial. O futuro segue promissor, mas o desafio está no timing.

“O mercado de biológicos tem futuro promissor. A questão é timing. A diferença entre líderes e sobreviventes será medida não pela ambição da estratégia, mas pela qualidade da execução. Execução começa com uma pergunta: estamos construindo capacidade para o mercado que queremos ou para o mercado que existe?”, concluiu.