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Explosão de recuperações judiciais expõe crise

O endividamento crescente se reflete na inadimplência


O endividamento crescente se reflete na inadimplência O endividamento crescente se reflete na inadimplência - Foto: Pixabay

O agronegócio brasileiro enfrenta um momento de forte tensão financeira. De acordo com dados da Serasa Experian e de institutos de análise jurídica, os pedidos de recuperação judicial de produtores rurais somaram 700 apenas no primeiro semestre de 2025, um aumento de 45% em relação ao mesmo período de 2024.

O primeiro trimestre já havia sinalizado o agravamento da crise, com 389 pedidos — alta de 44,6% frente a 2024 e de 21,5% em relação ao fim do ano anterior. O avanço é resultado de fatores como o aumento dos custos de insumos, juros elevados, eventos climáticos extremos e a desvalorização das commodities, que comprometeram a liquidez das operações e pressionaram as margens de lucro.

“O modelo de expansão agrícola baseado em crédito e alavancagem, sem o devido preparo técnico e jurídico, criou uma armadilha para muitos produtores. O que parecia um ciclo de prosperidade se converteu rapidamente em uma crise de liquidez”, afirma Rodrigo Totino, advogado e sócio do escritório Tríade Administração Judicial.

O endividamento crescente se reflete na inadimplência. Dados do Banco do Brasil indicam que 3,49% da carteira agrícola estava inadimplente no segundo trimestre de 2025 — recorde histórico, frente a 2,45% em 2024 e 0,96% em 2023. Embora muitos produtores ainda tentem renegociar dívidas antes de recorrer à Justiça, a recuperação judicial tem se tornado a principal alternativa para manter as atividades.

A crise é mais visível no Norte e no norte do Mato Grosso, regiões que passaram da pecuária para o cultivo de grãos, exigindo investimentos altos e garantias frágeis. A queda dos preços das commodities e a instabilidade cambial ampliaram a vulnerabilidade dos produtores, reforçando a necessidade de reorganização financeira e gestão mais profissional no campo.  

“Ela não é sinônimo de falência, mas de reorganização. Ao entrar em RJ, o produtor é obrigado a se profissionalizar, estruturar seu modelo de negócio e renegociar com os credores. É um processo que, embora doloroso, pode representar um recomeço sólido e sustentável”, conclui.
 

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