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Expointer: “Não há crise no agro”

Durante 11 dias da Expointer diversos setores entraram em debate


Foto: Governo do Estado do RS

A afirmação de que o agronegócio não vive crise é do diretor presidente da Vetoquinol, multinacional francesa de produtos para saúde animal. Jorge Espanha disse que o setor vive dificuldades em se comunicar com o público urbano, no que chamou de “crise de imagem”. Da mesma opinião compartilha Ricardo Barbosa, gerente de Marketing da Mahindra Tratores. Ele acredita que há uma “crise de confiança pela estabilidade política e econômica e competição entre os grandes mercados mundiais e a falta do entendimento da atividade por quem mora nos grandes centros urbanos”. De resto o setor vai muito bem.

É o que está demonstrando a 42ª Expointer, que termina hoje em Esteio, no Rio Grande do Sul. A feira é uma das mais importantes do Brasil e uma das maiores da América Latina. Nesses últimos nove dias teve assunto para diversos setores. Vamos fazer um apanhado do que de mais importante aconteceu, foi debatido ou definido no evento.

Confira a matéria em vídeo e, logo abaixo, mais detalhes em texto:

Acordo Mercosul-União Européia preocupa setor leiteiro

O Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de leite do país, somente atrás de Minas Gerais. São 12,5 milhões de litros de leite por dia, a maioria segue para a produção de leite UHT e leite em pó. Mas os produtores andam preocupados. Esse é um dos setores que mais sofre com tributos. O Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat) pediu ao governo federal ajustes no Programa de Escoamento de Produção (PEP). Um documento foi entregue à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que sinalizou que irá encaminhar a pauta e dar continuidade a ações que visem atender aos pleitos do setor. O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, disse que se trata de um primeiro passo para marcar posição do setor. "Esperamos que, a partir da formalização, o governo federal possa dar atenção necessária às nossas demandas", disse. 

O setor observa com cautela o acordo Mercosul-União Européia que pode facilitar a entrada de lácteos de outros países onde os custos de produção e tributação são menores e, portanto, estabelecendo uma concorrência desleal com os brasileiros. Para o presidente da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios (Apil), Wlademir Dall’Bosco, acredita que o Brasil tem tudo para se tornar um grande exportador em 10 anos por ter território amplo, clima privilegiado e genética mas algumas entraves fazem com que muitos decidam não seguir na atividade. Ele defendeu que é necessário que o sistema de tributação seja modificado para que o produtor tenha isenção tributação e a cobrança fique na ponta final, no consumidor. Como exemplo, ele cita um maquinário, que no Brasil, custa 40% mais do que na Argentina por conta dos impostos. “Temos que pagar depois do produto pronto”, afirmou.

Para Ivan Rodrigues da Silva, criador de gado Jersey e Holandês, em Santo Cristo (RS), é fundamental que haja incentivo e políticas efetivas do governo para que jovens sigam na atividade leiteira, incentivados à sucessão rural. “Acho que tem tudo para seguir mas precisamos nos sentir seguros para seguir no leite ou o produtor migra para genética, carne ou até produção de grãos”, destaca.

Máquinas e carne em foco

O setor de máquinas faturou R$ 2.2 na edição passada e deve fechar com mais de R$ 2.4. As marcas estão animadas com a liberação de recursos do Plano Safra e com as linhas de crédito que bancos vem oferecendo. O aumento da tecnologia tem beneficiado a renovação da frota, especialmente nos estados do Sul. Nos últimos dez anos o número de máquinas no Brasil cresceu mais de 50%.

Tratores menores com alta tecnologia foram o foco dos lançamentos, muito voltados para os pequenos agricultores, em geral ligados à agricultura familiar, responsável por colocar 70% dos alimentos na mesa dos brasileiros. Outras apostaram em culturas tipicamente gaúchas com linhas arrozeiras como semeadoras, pulverizadores, distribuidores de fertilizantes, tratores e colheitadeiras. 

Já o mercado de bovinos segue como referência em genética e raças de carne de qualidade reconhecida em todo mundo. O foco da discussão este ano foi a possível retirada da vacina contra Febre Aftosa no Rio Grande do Sul. O Rio Grande do Sul está no Grupo 5 do Ministério da Agricultura, cuja previsão inicial era manter a vacinação contra a aftosa até 2021 e reconhecimento de zona livre da doença sem vacinação em 2023. Na próxima segunda-feira (2), inicia-se a auditoria do Ministério da Agricultura para avaliar a possibilidade de adiantar a retirada da vacinação contra a aftosa no Estado. Para o secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Covatti Filho, esta é “uma grande oportunidade de reunirmos pessoas de todo o Brasil para discutir a evolução do status sanitário dos Estados e, no caso do Rio Grande do Sul, de livre de aftosa sem vacinação, o que abrirá oportunidades comerciais importantes”. Atualmente só Santa Catarina é livre da doença sem vacinação, há 12 anos. 

Falando em carne um mercado promissor e que foi apresentado ao público foi o de carne e derivados de búfalo. O sabor suave, com mais teor de proteína, menos gordura e menos colesterol já está presente em grandes redes de supermercados. O Estado tem cerca de 800 criadores.

Agricultura familiar

O Pavilhão mais gostoso da feira também é um dos mais movimentados. Nesta edição da feira foi registrado o maior número de expositores: 316. São produtores familiares de agroindústrias do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Amapá e Minas Gerais. Só no primeiro final de semana foi comercializado mais de 50% a mais que no mesmo período da feira no ano passado. Chegou a faltar produto em alguns estandes. 

E neste ano uma novidade: o Selo Nacional da Agricultura Familiar. Um código de barras pode informar a origem do produto, se realmente vem de um agricultor familiar, e o local de produção. “A rastreabilidade é benéfica para todos, para o produtor que terá certificação e competitividade, e para o consumidor, que saberá o que está consumindo, dando credibilidade a todo o processo”, destacou Fernando Schwanke, da Secretaria Nacional de Agricultura Familiar e Cooperativismo.

As reivindicações do arroz

Durante evento de lançamento da Abertura Oficial da Colheita do Arroz, autoridades e entidades ligadas ao setor falaram sobre os obstáculos que a atividade vem enfrentando. A atividade orizícola teve redução de área plantada e queda na produção na última safra. Muitos produtores estão migrando para outras culturas como a soja. Lideranças cobraram incentivos.  Cerca de 70% do arroz produzido no país é gaúcho. A atividade é responsável por 3% do ICMS gerado no Rio Grande do Sul. Dos 527 municípios gaúchos, 140 têm no arroz a principal atividade  econômica. O arroz gera  20 mil empregos no Estado.

O Banco do Brasil vai lançar uma linha de crédito especial de financiamento para a próxima safra, a partir desta semana.  A exemplo do que já ocorre com outras commodities, o produtor poderá registrar o arroz também em bolsa, no mercado futuro. Com isso, ele garantirá o preço projetado quando chegar a época da colheita. O Banco do Brasil garantirá a diferença, caso o preço na colheita for menor do que o projetado.

Safra de verão será recorde

Dados divulgados pela Emater-RS dão conta que o Rio Grande do Sul deverá colher 19,7 milhões de toneladas de soja na safra 2019/2020, um aumento de 6,81% (1,2 milhão de toneladas) em relação à produção de soja do ano anterior. A área e a produtividade da soja também devem aumentar em 1,93% e 4,31%, respectivamente, chegando a 5,9 milhões de hectares de soja.

Os dados foram coletados entre 22 de julho e 07 de agosto deste ano, junto a 388 escritórios municipais da Emater/RS-Ascar para a cultura da soja, o que corresponde a 98,02% da área a ser cultivada com o grão no Estado. Além disso, foram pesquisados 449 escritórios municipais para milho grão (95,52% da área com a cultura no RS) e 416 para milho silagem (94,01%), e outros 245 escritórios para o feijão primeira safra (80,31%) e 119 escritórios municipais para a cultura do arroz (98,45% da área a ser cultivada com arroz no RS).

 


 

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