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Exportação contraria tendência

Cooperativas do PR aumentaram em 7% o seu faturamento com as vendas externas até maio e seguraram a queda no saldo comercial do estado


O agronegócio brasileiro teve um início de ano difícil. A crise financeira mundial derrubou em 11,5% o faturamento do setor com as exportações nos primeiros cinco meses de 2008. No Paraná, que além da crise enfrentou também uma grande quebra de safra por causa da estiagem, o recuo foi ainda maior, de 20,8%. Mas o resultado poderia ter sido pior, não fossem as cooperativas. Entre janeiro e maio, o sistema aumentou em 7,2% o seu faturamento com as vendas externas e segurou a queda no saldo comercial do estado. No país, o sistema cooperativista arrecadou 6,8% menos com as exportações no período.

“A crise teve alguns reflexos no setor, mas, apesar da quebra, as cooperativas conseguiram manter o recebimento de grãos”, observa Flávio Turra, gerente técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). No ciclo passado, 53% da safra do estado passou pelo sistema cooperativista, índice que, segundo Turra, deve crescer nesta temporada. Mesmo com adversidades, a expectativa é fechar o ano com faturamento 11% maior, com US$ 1,6 bilhão em exportações.

No ano passado, a receita das cooperativas paranaenses com as vendas externas somou US$ 1,44 bilhão. Foi o estado que mais contribuiu para engordar o faturamento do sistema nacional. O Paraná gerou 37% da receita das cooperativas brasileiras com as exportações em 2008, conforme estudo elaborado pela Ocepar, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

As cooperativas agropecuárias não só exportam muito, mas também importam pouco. Por isso são tão importantes para o saldo comercial brasileiro, considera Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura e coordenador do Conselho Superior de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV). Parte dos grãos que elas produzem é exportada e contribui diretamente na balança comercial. Outra parte, cada vez maior, sai do país na forma de óleo, farelo, frango ou suíno, por exemplo, que são produtos de maior valor agregado, diz.

A importância do cooperativismo para a economia paranaense e brasileira é evidente, mas é um ganho adicional, avalia Rodrigues. O sistema carrega consigo uma função social muito forte, de geração de emprego e, principalmente, renda para o produtor rural. Ele cita um estudo feito pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) que mostra que o agricultor que é associado a uma cooperativa recebe três vezes mais que o não-cooperado e quase o dobro da média nacional. Conforme o levantamento, enquanto produtores associados a cooperativas têm rentabilidade média de R$ 237 por hectare, agricultores que não pertencem ao sistema recebem em média R$ 92, uma diferença de 158%. Na comparação com a rentabilidade média nacional, de R$ 123 por hectare, a variação é de 93%.

Investimentos em industrialização para abrir mercados

As cooperativas paranaenses responderam, no ano passado, por 9% das exportações totais do estado, considerando todos os setores da economia. No agronegócio, participaram com 14%. São cerca de 70 produtos enviados a 100 países. Mas os produtos das cooperativas não estão presentes somente nos portos nacionais. Cada vez mais, estão também nas gôndolas dos supermercados do país. São produtos primários, como grãos, leite ou frutas, que viram óleo, farinha, margarina, maionese, pipoca, suco, iogurte, queijo ou carne e chegam à mesa do consumidor brasileiro. A gama de produtos oferecidos no varejo é cada vez maior.

É o resultado de um contínuo processo de industrialização, que possibilita não só o aumento da produção e do mix de produtos, mas também das exportações, do faturamento e dos investimentos, avalia Régio Márcio Toesca Gimenes, professor da Uniparm, em Umuarama. A capacidade de produção aumenta porque as cooperativas investem na diversificação, afirma Flávio Turra, da Ocepar. “Nos anos 90, apenas uma cooperativa do estado produzia frango. Hoje, são cinco, e serão seis em 2010. E todas estão ampliando a capacidade de produção”, cita.

A avicultura, destaca o dirigente, será o setor que mais receberá investimentos em 2009. Segundo ele, 22% dos recursos serão aplicados nesse setor. Nototal, contudo, o volume investido pelas cooperativas paranaenses deve recuar 21,5% em 2009, para R$ 1 bilhão. Reflexo da crise internacional, explica Turra. A queda interrompe um ciclo de crescimento. Nos último oito anos, os investimentos do sistema cooperativista do Paraná aumentaram 325%, e chegaram a R$ 1,275 bilhão no ano passado. (LG)

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