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Feijão de volta aos R$ 100 a saca

Depois de acumular perdas de 73%, cotação no Paraná se recupera e ultrapassa os R$ 70


Após acumular queda anual de até 73% no preço médio no primeiro semestre de 2009, o feijão deve ficar mais caro a partir do mês que vem nos supermercados. Depois de um semestre em baixa, as cotações ao produtor começaram a se recuperar neste mês e devem continuar subindo em julho, alta que será repassada ao consumidor nas próximas semanas. O preço da saca de 60 quilos, que caiu a R$ 63 em maio e hoje está próximo de R$ 70 no Paraná, já ultrapassa os R$ 100 em estados como Minas Gerais e São Paulo, que estão colhendo a terceira safra do grão. "Em poucos dias os preços estarão mais altos nas gôndolas dos supermercados e não vai mais ter feijão abaixo do mínimo no país", prevê o analista da Correpar e presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), Marcelo Lüders.

Ele faz referência ao preço mínimo de garantia fixado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de R$ 80 a saca. O valor vale para a safra atual (2008/09), que está terminando de ser colhida, e também para a que vai começar a ser plantada no próximo mês (2009/10), já que não foi alterado pelo governo federal no Plano Safra 2009/10, anunciado nesta semana em Londrina. Conforme a Correpar, ao longo da temporada o governo comprou via operações de AGF (Aquisições do Governo Federal) cerca de 60 mil toneladas de feijão do Rio Grando do Sul, Santa Catarina e Paraná. Desde março, contundo, os produtores paranaenses têm recebido preços em média 20% inferiores aos mínimos, com a saca comercializada na casa dos R$ 60.

Cotações de três dígitos serão comuns no país nas próximas semanas, concorda a analista da Unifeijão, Sandra Heitzel. Ela acredita que haverá recuperação no Paraná, mas que dificilmente os preços serão tão bons no estado quanto nas regiões que estão colhendo a terceira safra. O feijão preto pode alcançar os R$ 100 no estado, mas o carioca dificilmente chegará lá, considera Sandra. "A colheita da seca já acabou no estado e o feijão de cor, estocado há alguns dias, vai perdendo qualidade. Não é mais cotado como produto novo e de melhor padrão", justifica a analista.

Apesar de ser o maior produtor do país na 1ª e na 2ª safra, o estado quase não planta feijão na 3ª safra. "Como a oferta interna é reduzida, tem que importar de outros estados. Por isso, o Paraná não forma preço nesta época do ano", explica a agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) Margorete Demarchi. A partir de agora, o Sul do país é abastecido por feijão preto da Argentina e de cor do Centro-Oeste e, principalmente, do Sudeste do Brasil, relata Lüders. "E no Sudeste já está mais caro. A saca chegou a R$ 110 na semana passada. Mas ninguém está despreparado para a alta e os empacotadores começam a repassar o aumento para o varejo.", destaca Sandra.

No Paraná, os R$ 65,44 pagos ao produtor pela saca do feijão preto ontem superavam em 6% o preço médio registrado em maio. O carioca, a R$ 70,40, tinha cotação 9% mais alta. Já quando a comparação é com o pico do final do ano passado, época em que os preços da saca passaram de R$ 150 dentro da porteira, o tombo é de 58% e 56%, respectivamente. O semestre de preços baixos seguiu uma safra recorde, de 3,52 milhões de toneladas, segundo a Conab. Recorde, mas não cheia.

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